As festas foram criadas pela Fifa em 2006 na Copa da Alemanha como mais um espaço exclusivo para patrocinadores. São áreas fechadas onde jogos são transmitidos em telões e onde apenas os produtos oficiais podem ser comercializados.
MM Sports, uma empresa com sede na Alemanha, foi contratada pela Fifa para realizar uma consultoria sobre a "estratégia e conceito" da Fan Fest, assim como para "administrar e implementar" o evento no Brasil. A mesma empresa já havia recebido o contrato para montar a iniciativa na África do Sul, em 2010, e manteve o contrato para 2018, na Rússia e onde o governo do Kremlin será um dos fiadores da festa.
Ela é liderada por dois ex-companheiros de Valcke. Um deles é Gregor Lentze, que foi um dos responsáveis de Marketing da Fifa entre 2003 e 2006, sob o comando do francês. Foi Lentze quem primeiro desenvolveu e implementou na Alemanha em 2006 a ideia da Fan Fest. No ano seguinte, ele saiu da Fifa, formou a empresa MM Sports e ficou com o contrato.
Mas garante que não foi Valcke quem o deu o contrato. "Criamos o conceito da Fan Fest, como um evento completamente novo e que não existia antes", disse. "Foi um grande êxito para a Copa (de 2006), com 18 milhões de visitante. Depois da Copa do Mundo, eu deixei a Fifa e criei minha própria empresa, em Munique".
Ele explicou o motivo pelo qual foi contratado. "A Fifa queria fazer sua Fan Fest na África do Sul em 2010. Portanto, a Fifa me pediu se eu poderia apoiar sua equipe como especialista externo", disse Lentze. "Eu fui contratado com a MM Sports para a Copa de 2010", admitiu. Mas ele garante que quem fez a oferta não foi Valcke, mas seu ex-secretário-geral, Urs Linsi.
Para 2014, Lentze diz que um novo contrato foi feito. Mas, uma vez mais, insiste que Valcke não esteve envolvido. Segundo ele, quem o contratou desta vez foi Thierry Weil, diretor de marketing da Fifa. Na estrutura da entidade, Weil não tomava decisões sem o acordo de Valcke.
A empresa contratada também é liderada por Stefan Schuster, outro funcionário do alto escalão da Fifa, responsável pelo setor de marketing e vendas e que também trabalhou ao lado de Valcke no período em que o francês era o diretor de marketing da Fifa. Schuster foi uma das partes do processo em uma Corte Americana acionada pela Mastercard e que condenou a Fifa de ter violado o contrato com a multinacional.
A juíza norte-americana Loretta Preska condenou a Fifa por seu comportamento com a empresa e por ter rompido o contrato, passando para a Visa. A entidade esportiva, em 2006, foi obrigada a pagar US$ 60 milhões em indenizações e Valcke foi afastado. Um ano depois, Schuster entraria na MM Sports, enquanto Valcke voltaria para a Fifa como secretário-geral.
POLÊMICA - Mas seria no Brasil que o evento ganharia uma dimensão de polêmica. Isso porque a Fifa passou a exigir que fossem as cidades-sede quem bancassem a Fan Fest. No Rio, a prefeitura tentou resistir. Mas acabou cedendo e colocando o evento na praia de Copacabana. A administração municipal tentou buscar parceiros para arcar com os custos e a Empresa de Turismo do Município do Rio estimou que o gasto chegaria a R$ 12 milhões.
Outras cidades-sede também entraram em debate com a Fifa para tentar reduzir o aporte de dinheiro público na organização das Fan Fest. Cinco sedes pediram para mudar a festa de lugar para economizar - como Belo Horizonte, Curitiba, Natal, Porto Alegre e Salvador. No Recife, a decisão da prefeitura foi a de peitar a Fifa e se negar a realizar o evento orçado em R$ 11 milhões. Em Manaus, ela custaria cerca de R$ 10 milhões, valores semelhantes em outras regiões.
Pelo acordo com o Brasil, a Fifa forneceria o palco, telão e equipamentos de luz e som de cada uma das Fan Fest. Caberia à TV Globo arcar com divulgação e transmissão, enquanto que as prefeituras montariam os locais, estruturas, segurança, organização e limpeza.
No informe financeiro da Fifa de 2014, a entidade aponta que destinou US$ 18 milhões para as Fan Fest na Copa. Mas não revela o valor de cada contrato.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.