Economia Titulo Perspectiva
Grande ABC terá 2012
melhor que ano passado

Com juros menores, acesso ao crédito para ampliação de
investimentos nas empresas será facilitado, afirma Dise

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
23/01/2012 | 07:12
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O Grande ABC terá um 2012 melhor do que o ano passado. Nada que se aproxime de 2010, marcado por expressivo crescimento econômico mas, comparado a 2011, o desempenho inevitavelmente será mais positivo. Isso são o que apontam as perspectivas desenvolvidas pelo Departamento de Indicadores Sociais e Econômicos da Prefeitura de Santo André.

O principal vetor das mudanças será a redução da taxa básica de juros, a Selic, que desde agosto engrenou movimento de queda (à época, a taxa foi reduzida de 12,5% ao ano para 12% ao ano e, agora, está em 10,5% ao ano).

Os efeitos do recuo levam em média seis meses para chegar nos juros de financiamentos. Portanto, será neste ano que o consumidor, seja ele pessoa física ou jurídica, começará a sentir os benefícios. Com isso, a tendência será de aumento na tomada de crédito - a expectativa do Dise é que a oferta de empréstimos cresça 36,9% neste ano na região. Em 2011, a alta foi de 26,5%.

Um dos principais benefícios esperados com esse cenário será o maior acesso aos financiamentos, principalmente pelos empresários, que terão condições de retomar planos de investimentos, o que acaba levando à necessidade de manutenção nas contratações. Tanto que a perspectiva é que a produção industrial cresça 6,8% neste ano, contra 3,4% do ano passado. O saldo dos postos de trabalho deverá alcançar 30.000 vagas, o mesmo de 2011.

O coordenador do curso de Economia da Universidade Municipal de São Caetano, Francisco Funcia, compartilha da opinião apresentada no levantamento e acredita que os investimentos deverão aumentar neste ano. "O crescimento da economia não será tão baseado no consumo, como foi em 2011, mas em investimentos. Tanto que o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) continuará tendo papel importante para as empresas", avalia. "Com isso, a inflação deverá diminuir, ficando em torno de 5,5% ao ano", complementa.

De fato, os dados do Dise apontam para inflação estimada em 6,5% ao ano no País e 6% ao ano no Grande ABC (reflexo de preços menores praticados na região). Em 2011, as taxas fecharam em torno de 7% ao ano e 6,7% ao ano, respectivamente.

Outro fator que pode contribuir ao cenário é a redução na tomada de crédito imobiliário, que no ano passado cresceu 31,5% na região e, para este ano, a expectativa é que incremente 22,1%. "O crescimento previsto deve ser menor porque no ano passado a expansão já foi bastante significativa", explica Dalmir Ribeiro, diretor do Dise, referindo-se ao fato de que não terá mais muito para onde crescer.

Os benefícios da redução da taxa de juros não param por aí. Ao reduzir a Selic, os títulos da dívida pública também têm seus juros reduzidos. Além disso, o País fica menos atrativo para investidores estrangeiros que migram seus recursos para cá apenas atrás de rentabilidade, ou seja, só trazem capital especulativo.

Com a entrada menor de dólares em terreno nacional, o real fica mais valorizado, e o câmbio sobe. Embora os especialistas não acreditem que a divisa norte-americana chegue a valer R$ 2 neste ano, a expectativa é que permaneça em R$ 1,80, patamar conquistado no fim de 2011 (durante quase o ano todo ficou na casa dos R$ 1,60).

 

Exportações devem ganhar mais espaço

Com o real mais valorizado, a vida das companhias que exportam fica um pouco mais fácil. Embora ainda não seja um céu de brigadeiro, como quando o dólar chegou a custar R$ 3 (entre 2003 e 2004), e a economia internacional nem sonhava em sofrer alguma crise, o câmbio atual é sinal de dias melhores.

Porém, o entrave ainda fica por conta das incertezas externas. Como não se sabe quanto tempo os países da zona do euro levarão para sair da turbulência, e nem quanto tempo os Estados Unidos levarão para restabelecer seu intenso consumo, fica difícil traçar cenário muito positivo. Ainda mais para as empresas do Grande ABC, que vendem produtos manufaturados. Esses foram os primeiros a serem cortados das listas durante a crise. Mesmo quem exporta commodities (laranja, aço e carne, por exemplo) já vivenciou situação melhor, quando seus preços estavam mais apreciados lá fora.

"O cenário internacional para produtos industrializados ainda está debilitado", diz Funcia. "A questão cambial é uma das mais difíceis para o exportador. Porém, é melhor ganhar menos do que deixar de vender ao Exterior. É preciso manter o espaço conquistado."

Para Ribeiro, a redução dos juros pode ajudar os empresários a marcarem território lá fora. "Se a Selic recuar para 9%, isso irá reforçar a competitividade dos nossos produtos no Exterior", aponta, fazendo referência à explicação anterior de que, se os juros caem, o País fica menos atrativo ao capital externo especulativo e, com a entrada menor de dólares no País, o real se valoriza, assim, nossos produtos ficam mais baratos nos outros países. Além disso, os importados ficam mais caros por aqui, o que favorece a venda dos itens nacionais.




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