Política Titulo Menos destaque
Com Dib, PSDB
tende a ser coadjuvante

Diferentemente de 2008, quando lançou seis candidaturas,
situação atual do partido tucano é de só duas consolidadas

Por Fábio Martins
Raphael Rocha
23/01/2012 | 07:08
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Com a coordenação regional do PSDB nas mãos do deputado federal William Dib, a legenda pode virar coadjuvante nas eleições de outubro no Grande ABC. Mesmo diante da resolução de indicar candidato em chapa majoritária em cidades com mais de 100 mil habitantes para fortalecimento, ao contrário de 2008, quando marcou presença em praticamente todas as cidades, lançando seis candidaturas - exceção em São Caetano -, até agora, os tucanos só consolidaram voo solo em dois municípios: Diadema e Rio Grande da Serra.

O racha entre os grupos de Dib e do deputado estadual Orlando Morando (PSDB), evidenciado na disputa pela coordenação em agosto, que sacramentou a vitória do ex-prefeito, suscitou um embate interno pessoal, prejudicando o avanço de articulações para protagonizar empreitadas, principalmente em cidades-chave do ponto de vista eleitoral, como Santo André e São Bernardo. A ala que apoiou no páreo o prefeito de Rio Grande, Adler Kiko Teixeira, próximo de Morando, está sendo desprestigiada.

O município comandado por Kiko - pelo seu poder na política local - deve ser o único a passar sem interferência direta. O chefe do Executivo escolheu seu secretário de Obras, Gabriel Maranhão (PSDB), para manter o Paço sob comando tucano. Em Diadema, o ex-prefeito e ex-deputado José Augusto da Silva Ramos (PSDB) aderiu ao projeto de Dib, por isso tem apoio para entrar na corrida eleitoral.

Em cada uma das demais cidades, a possibilidade de aliança com aliados é estudada. Apesar do potencial de São Bernardo ao contexto estadual e nacional, há interlocução, encabeçada por Dib, para formar uma composição com o PPS, parceiro do governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB). Os caciques tucanos buscam costurar acordo com partidos da base aliada visando obter a contrapartida de apoio na disputa pela reeleição de Alckmin, em 2014.

Outro caso semelhante ocorre em Santo André. Embora tenha alcançado aval do diretório local, o vereador Paulinho Serra encontra resistência para emplacar sua candidatura. O partido cogita firmar parceria com o PTB, do prefeito Aidan Ravin.

O presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias, sustentou que a "estratégia não é lançar candidato por lançar". Segundo ele, a intenção principal é manter a polarização com o PT. "Depende de cada cidade, mas onde for preciso parceria (com aliados) para vencermos, faremos aliança. Não adianta dividir e sair derrotado."

Tobias rechaça, entretanto, que a iniciativa signifique abrir mão da força tucana. Citando São Bernardo, o dirigente disse que a ideia é evitar embate com o PPS. "(Se não cogitarmos), facilita a vida do (prefeito, Luiz) Marinho(candidato à sucessão). Analisaremos por meio de pesquisa de intenção de voto e não por vaidade pessoal."

Salientando que a deliberação das candidaturas vai passar pela estadual, o dirigente tucano assegurou que o PSDB terá "bem mais que dois candidatos", mas sem mencionar as possibilidades. Questionado se Santo André poderia ser incluída no processo, Tobias desconversou: "Não dá para dar certeza. Em algumas vamos apoiar, em outras eles (aliados) nos apoiarão. Apenas não posso adiantar senão atrapalha as negociações."

Dib não retornou os contatos da equipe do Diário.

Figurante em 2008, PMDB terá ao menos cinco prefeituráveis

Sob coordenação regional da deputada estadual Vanessa Damo, o PMDB terá papel de destaque na eleição de outubro. Em 2008, o partido concorreu apenas como vice em Mauá - Paulo Bio (hoje no PV) dividiu chapa com Francisco Carneiro, o Chiquinho do Zaíra (ex-PSB, atual PTdoB). Agora, a sigla projeta ter candidatura própria em cinco cidades.

Segundo Vanessa, a meta do PMDB é eleger pelo menos três prefeitos. "É um plano ousado, mas factível. Nos estruturamos para ser protagonistas", analisa. Os peemedebistas que estarão na corrida eleitoral majoritária são Paulo Pinheiro, em São Caetano; Valmir Copina, em Rio Grande da Serra; Saulo Benevides, em Ribeirão Pires; Tunico Vieira, em São Bernardo; e a própria Vanessa, em Mauá.

A deputada estadual credita a expansão de candidaturas aos projetos definidos pelas executivas nacional e estadual do PMDB. Desde que assumiu o comando da legenda em São Paulo, o deputado Baleia Rossi colocou em prática plano de intervenção em diretórios coadjuvantes e determinou que o PMDB tivesse candidato a prefeito ou a vice em municípios com mais de 200 mil habitantes.

"Hoje temos boas perspectivas em São Caetano, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Em Mauá, há pesquisas que mostram o crescimento do PMDB contra a atual gestão. E, em São Bernardo, podemos ser surpresa no pleito", avalia Vanessa.

Em Santo André a situação ainda não está definida. Secretário de Gabinete da Prefeitura, Nilson Bonome (PMDB) pressiona o prefeito Aidan Ravin (PTB) a ceder a vice ao PMDB. Trará, inclusive, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), para garantir a divisão da legenda. Caso a parceria não se concretize, o PMDB está aberto ao diálogo com o PT, que lançará o deputado estadual Carlos Grana ao Paço.

Já em Diadema o cenário não é tão animador. Com a saída de suplentes, o PMDB se enfraqueceu, a despeito de trazer o vereador Edmilson Cruz. Apesar do prestígio junto à cúpula estadual, a parlamentar Cida Ferreira dificilmente será vice de Mário Reali (PT). O diretório local tentará manter pelo menos as duas cadeiras que possui na Câmara.

PT tenta recuperar hegemonia no Grande ABC de 2000

Após reconquistar São Bernardo e perder a hegemonia em Santo André há quatro anos, o PT se estruturou para tentar retomar o recorde de administrações petistas na mesma legislatura. Em 2000, a legenda gerenciou Santo André, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Para isso, se articulou para evitar prévias na maioria dos municípios e consolidou os candidatos em seis cidades - apenas Diadema pode ter pleito interno.

Petistas garantem que o grande responsável pelo período de calmaria no partido é o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT). Ex-ministro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Marinho ficou responsável por aparar antigas arestas das eleições de 2008. Em Santo André, onde lideranças como João Avamileno, Ivete Garcia e Vanderlei Siraque não falavam a mesma língua, conseguiu controlar ânimos exaltados e fez com que todos apoiassem o projeto do deputado estadual Carlos Grana (PT) ao Paço.

Marinho creditou o momento de resgate da hegemonia petista ao processo de fortalecimento do PT. "Tem governado várias cidades, estados e Brasil. A população enxergou no PT lideranças capazes de fazer boas gestões."

O PT aposta na vitória em cinco municípios: Grana, em Santo André; Marinho, em São Bernardo; Mário Reali, em Diadema; Oswaldo Dias, em Mauá; e Maria Inês Soares, em Ribeirão Pires. "Queremos criar condições de governar as sete cidades, não somente cinco. Evidente que temos mais chances nas cinco, porém nas outras duas nós vamos disputar", avaliou Marinho. Edgar Nóbrega, em São Caetano, e Claudinho da Geladeira, em Rio Grande da Serra, são azarões nas disputas eleitorais de suas cidades.

A coordenação regional está sob gerência de Humberto Tobé. Oriundo dos movimentos de juventude da sigla, Tobé disse que a definição antecipada dos candidatos possibilita avaliação adiantada do plano de governo e de costura de aliados. "A militância pedia muito o fim das rixas internas. Agora temos longo tempo para consolidar as candidaturas e fazer com que o PT desenvolva seu plano em várias cidades da região. Para o PT, comandar o Grande ABC é extremamente simbólico", analisou o dirigente, se referindo às origens do partido nos movimentos sindicais da região.




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