Laudo do Instituto Adolfo Lutz descartou a água coletada no colégio particular Jatobá, de Santo André, como a causa do surto de infecção intestinal que até o momento resultou em 51 internações de estudantes com idade entre 11 meses e 12 anos. A informação foi passada em coletiva de imprensa pelo secretário municipal de Saúde, Homero Nepomuceno Duarte, e pela diretora do departamento de Vigilância à Saúde da cidade, Nancy Yasuda, na tarde de ontem.

O número de crianças internadas em hospitais do Grande ABC e da Capital passou de 44, no domingo, para 51 ontem. Do total de pacientes, quatro estão na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), sendo que três já haviam recebido alta e aguardam vaga na enfermaria do Hospital Brasil para deixarem o espaço de cuidados especiais.

O menino Caio Henrique Maria de Lima, 8 anos, permanece na UTI, mas com quadro clínico evoluindo bem, segundo a jornalista Gabriela Vieira Maria, 26, tia do aluno.

“A análise da água mostrou que ela está em conformidade com os padrões de potabilidade. A hipótese da água desde o início não foi a mais forte, porque quando se tem surtos de doença de veiculação hídrica, o perfil da contaminação é diferente. Ela tem uma evolução muito mais rápida e veiculação muito maior, dificilmente restrita a uma comunidade fechada, como a escola”, falou o secretário de Saúde.

A suspeita, agora, é de que o problema tenha surgido por meio da manipulação incorreta de alimentos. O resultado dos exames de cultura das amostras colhidas na escola, entre os dias 17 e 19, deve sair até amanhã. “Exames dos manipuladores dos alimentos também estão sendo processados”, falou Homero.

Nas fezes de quatro alunos foi encontrada a bactéria Shigella sonnei, importante agente de doenças infecciosas diarreicas que, em geral, acometem crianças com idade até 5 anos, além de idosos e pacientes imunocomprometidos. A bactéria penetra o sistema digestório e, ao adentrar o organismo, pode ocasionar doença sistêmica e, nesse caso, ser fatal, dependendo do paciente.

“Inicialmente, o contaminador primário é um alimento mal manipulado. Depois, pode haver a transmissão de pessoa para pessoa”, explicou Duarte.

De uma turma de 20 alunos, 18 foram a uma festa infantil no dia 14, realizada em um bufê da cidade, mas a hipótese de que a contaminação tenha partido de lá não foi cogitada. “Não entrou no rol de investigação, porque algumas crianças adoeceram antes e nem chegaram a ir na festa por esse motivo. Além disso, no bufê havia crianças que não são estudantes da escola e não temos caso de ninguém fora do ambiente escolar (com o problema)”, destacou o secretário.

Ontem, de acordo com a advogada da escola, Ana Paula Carneiro da Costa, a empresa que fará a desinfecção da unidade de ensino iniciou levantamento das dependências do local para que o trabalho comece efetivamente hoje.

Equipes do Departamento de Vigilância à Saúde de Santo André estão fazendo varredura em todos os serviços de urgência e emergência públicos e privados da cidade em busca de possíveis novos casos de alunos internados. O mesmo ocorre com as equipes do Estado em hospitais fora do município.

Colégio retomará atividades depois da conclusão de todos os exames

O secretário de Saúde de Santo André, Homero Nepomuceno Duarte, disse que o Colégio Jatobá só reabrirá após a conclusão de todos os laudos técnicos que ainda faltam ser concluídos, como a análise dos alimentos e dos manipuladores. “O período de encubação da bactéria é em torno de sete dias e a escola foi fechada sexta-feira. Se houver alguns portadores nesse período de encubação da doença, em um ambiente coletivo podem reiniciar o processo de transmissão”, explicou. A expectativa é de que a retomada das atividades aconteça na próxima semana.

“Bastante provável que a gente modifique alguns processos de manipulação e processamento dos alimentos na referida escola. Mas só poderemos ter certeza em que fase isso será feito após as conclusões dos laudos”, frisou o secretário.