Amor, companheirismo e união com uma pitada de ciúme. Esses sentimentos são a base da relação entre José Batista Novelli, 91 anos, e Zoraide Biazin Novelli, 87. Os idosos, moradores do Parque das Nações, em Santo André, completarão 70 anos de casados e celebrarão bodas de vinho no dia 22 de setembro.

A história do casal teve início em 1940, em Santa Cruz do Rio Pardo, no interior do Estado. Zoraide lembra que tinha apenas 12 anos quando estava ordenhando vacas e avistou Novelli se aproximar a cavalo. Após troca de olhares e sorrisos, o cavaleiro começou a fazer serenatas para a amada. “Ele sempre foi romântico, mas meu pai achava que eu era nova para namorar. Tive de me afastar por um ano dele”, lembra.

Depois de muitos bailes, festas juninas e danças, os pombinhos decidiram que era hora de casar. E os sete filhos nasceram em intervalo de dez anos. “Foi um dos períodos mais difíceis. Sempre fomos humildes e, com tantas crianças para cuidar, as dificuldades só aumentaram. Todos eles eram pequenos e precisavam estudar, mas naquela época as escolas não forneciam material, então só tinha condições de ter aula até a 4ª série”, lembra Novelli.

Depois de idas e vindas entre Santo André e o interior do Estado, o casal resolveu ficar definitivamente no Grande ABC há nove anos. “Era uma vida de cigano. Queríamos ficar perto dos nossos filhos e como todos eles moram perto da Capital, optamos por ficar o resto da vida aqui”, diz Zoraide.

Com o passar dos anos, a família cresceu ainda mais. Hoje o casal tem sete filhos, 18 netos, 16 bisnetos e um tataraneto. “Amo todos da mesma maneira. É tão bom estar junto deles. Tenho muito orgulho de todos”, afirma Zoraide.

Apesar da idade avançada, o casal esbanja disposição e uma certa dose de desobediência. “Ele é teimoso. Há poucos dias subiu no telhado para arrumar a antena”, revela a mulher, que prefere se dedicar à limpeza da casa e à costura.

José afirma que a rotina do casal é feita toda em conjunto. “Nos levantamos, tomamos café, almoçamos, jantamos, vamos à feira e deitamos juntos. Somos um grude. Com o passar do tempo essa união só aumenta. Não consigo ficar muito tempo longe dela”, observa o ciumento marido. “Nenhum homem podia olhar para mim. Eu sempre levava bronca”, revela Zoraide, que ainda brinca que o sentimento já não faz mais sentido, uma vez que ela “não possui a beleza de outrora”. Observação que é contestada por Novelli. “Sempre vou ter ciúmes de você”, confessa.

Indagados sobre o que dizer um ao outro depois de 70 anos de união, ambos destacam a mesma resposta. “Eu não enjoo de você e te amo do mesmo jeito do dia em que te conheci.”