Prepare-se para os novos tempos. Um jeito diferente de melhorar as cidades tem despertado a atenção e a curiosidade das pessoas e conquistado novos adeptos. Trata-se da ‘microrrevolução urbana’, conceito universal que implica em pequenas atitudes dos cidadãos que, quando somadas, podem resolver efetivamente problemas urbanos sem a intervenção do poder público necessariamente
Prepare-se para os novos tempos. Um jeito diferente de melhorar as cidades tem despertado a atenção e a curiosidade das pessoas e conquistado novos adeptos. Trata-se da ‘microrrevolução urbana’, conceito universal que implica em pequenas atitudes dos cidadãos que, quando somadas, podem resolver efetivamente problemas urbanos sem a intervenção do poder público necessariamente. Quem detectou a tendência foi a empresa Perkons, especializada em tecnologia para segurança no trânsito, com base em relatos de experiências concretas recentes em Curitiba, Porto Alegre, São Paulo e outras cidades. Luciano Braga, do estúdio Shoot The Shit, diz que as microrrevoluções urbanas partem do princípio de que é muito mais fácil cada pessoa cuidar um pouco da cidade do que uma organização que centralize todo o poder. “No momento em que a gente consegue mexer num local, a gente se sente dono dele”, diz ele. Outros técnicos chamam esse processo de “pertencimento”, ou seja, as pessoas passam a sentir responsáveis pelos espaços onde vivem ou atuam e tomam iniciativas isoladas ou em grupo que conduzem a solução simples, barata e rápida de desafios e obstáculos urbanos, principalmente ligados à mobilidade. O ponto de vista de Luciano é que é muito difícil para os governos estarem atentos a todos os detalhes que acontecem numa cidade e que as pessoas têm a oportunidade de botar a mão na massa. “Existem pequenos problemas que passam despercebidos pelos gestores, já que muitos deles não vivem tanto a rotina da cidade. Ficam em seus gabinetes resolvendo problemas que outros vivem, e não caminham pela cidade, não pegam ônibus, não precisam caminhar na cidade à noite. Como fica difícil depender deles para a solução desses desafios, às vezes cabe ao cidadão comum propor algo, fazer algo que melhore esse problema específico.”
Trânsito
O trânsito está ruim? Então um cara se veste de super-herói e sai disseminando pelas ruas da Cidade do México boas práticas para um trânsito melhor, como faz El Peatonito, um cidadão comum que resolveu atacar esse problema, exemplifica Luciano. De ideias como essa surgiu no Brasil há um ano uma rede de pessoas chamada Múrmura. O dinheiro arrecadado com as contribuições voluntárias é utilizado pela Shoot The Shit para ações pelas cidades. Mais de 30 pequenas ações já foram realizadas. Em países desenvolvidos, as microrrevoluções são mais ligadas à arte e à quebra de ‘monotonia’ urbana. No Brasil, as ações visam a melhoria direta de obstáculos urbanos. Um exemplo é o projeto Que Ônibus Passa Aqui, no qual qualquer pessoa pode escrever as linhas que passam no local e ajudar outros passageiros.
Casos
O projeto Cidade Ativa foi criado na Capital paulista para incentivar as caminhadas em lugar do automóvel. São feitas pesquisas sobre calçadas e propostas intervenções físicas para auxiliar os trajetos a pé. Outra ferramenta de mobilidade é o Desenhe sua Faixa, pela qual os que caminham pela cidade indicam pontos problemáticos relacionados às travessias, como ausência ou mau estado de conservação de faixas de pedestres, falta de sinalização, tempo de travessia insuficiente e outras ocorrências sobre a qualidade das calçadas. Isso é feito em um mapa colaborativo que utiliza a plataforma Cidadera para reunir as demandas dos usuários. Há também o Bike Anjo com o objetivo de colocar mais ciclistas e bicicletas nas ruas e, com isso, humanizar as cidades para que elas se tornem locais mais agradáveis para as pessoas viverem. São mais de 1.700 voluntários envolvidos em 250 cidades no Brasil. O movimento ensina a pedalar e dá dicas de segurança, legislação e postura, além de auxiliar nas rotas.
Duas rodas
A Assembleia Legislativa vai discutir a isenção da cobrança de ICMS na venda de bicicletas novas em todo o Estado. O projeto, de autoria de Gil Lancaster (DEM), tem o objetivo de incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte e uma forma de promover a atividade física. Nos grandes centros urbanos, é crescente e necessário o emprego da bicicleta no deslocamento, ajudando a reduzir os índices de poluição e diminuindo o número de carros nos congestionamentos, diz o deputado. A carga tributária incidente sobre o preço de uma bicicleta representa cerca de 70% do valor final do produto no Brasil.
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