Cultura & Lazer Titulo Música
NX Zero à vontade

Novo projeto da banda, ‘Norte’ é mistura
de sintonia, maturidade e desconstrução

Marcela Munhoz
10/08/2015 | 07:00
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Divulgação


Em casa, todo mundo é o que é. Ficam do lado de fora o estresse do dia, os personagens necessários e a pressão social. Só os amigos e quem se quer bem são convidados a se acomodar. O conforto é prioridade. A simplicidade e a felicidade também. Com clima de reunião despretensiosa para bater papo, ouvir e fazer música depois da escola é que a banda NX Zero chegou ao Norte (Deck), com 12 faixas inéditas. “Nos outros álbuns, eram cinco mundos que viravam uma coisa só dentro do estúdio. Depois de quase 15 anos de história, cansamos um pouco disso. Queríamos algo diferente e que, principalmente, nos permitisse ficar juntos em todo o processo. O resultado é tão empolgante que parecemos uma banda que está começando e que não vê a hora de mostrar seu trabalho”, resume o vocalista Di Ferrero.

Di, Gee Rocha (guitarra e voz), Fi Ricardo (guitarra), Caco Grandino (contrabaixo) e Daniel Weksler (bateria) receberam a equipe de reportagem na Deck, em São Paulo, para falar do disco. Na gravadora, que também é uma casa (com direito ao simpático cachorro Beirada passeando pelos corredores e cheiro de almoço fresquinho), ficou claro que os caras conseguiram resgatar a essência e o tesão de antes para fazer música. Di resume: “É o motivo que estávamos procurando para continuar a acreditar na arte como forma de expressão. A gente não tem nada para reclamar da nossa carreira. Mas chega um momento em que é preciso renovar.”

O processo de Norte durou quase um ano e foi diferente dos outros, a começar pela troca de empresário, saída da antiga gravadora e nova parceria com o produtor Rafael Ramos (Pitty/Titãs). “Aconteceu tudo nas nossas casas. A gente saiu das quatro paredes do estúdio. Não nos preocupamos com horário”, conta Fi.

Gravado com todos os músicos ao mesmo tempo e em ‘rolo’ no estúdio Tambor, no Rio de Janeiro, o álbum é realmente muito diferente de tudo o que o NX Zero já fez. “A questão de gravar junto consegue traduzir toda nossa energia para quem está ouvindo, é diferente”, observa Daniel. Para Di, aconteceu também porque eles resolveram encarar a música de forma mais natural, sem fórmula. “É o caminho reverso. Não teve regra, tentamos sair do óbvio. Não é politicamente correto. Quem não precisa de um desafio assim?”

Norte mistura soul, funk sessentista, hard rock, rap, psicodelia e groove. As letras falam de amor (como a canção de trabalho Meu Bem), política (Milianos) e, principalmente, sobre questões filosóficas da vida. ‘Quem sabe dar valor às coisas mais simples descobriu o segredo mais real que existe’ ecoa em Modo Avião. “Antes eram letras que serviam meio de terapia para o grupo. Em Norte, falamos da alegria de estar tocando ou sobre algo bem singelo, como em Pedra Murano”, analisa Di. Lulu Santos participa em Fração de Segundo, na guitarra.

Realmente o ‘CD dos sonhos’ do quinteto é bem diferente e causa certa estranheza. Algumas faixas são muito boas, outras nem tanto, mas é uma interessante experiência. “Quebrar o ciclo de obviedade faz as pessoas se interessarem em ouvir”, aposta Fi. Quer um conselho? A melhor maneira de ouvir Norte é em casa, com todo o conforto, sentado no sofá, tomando uma cerveja e, claro, sem preconceitos. 




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