Política Titulo Diadema
Símbolo no Paraná condena aumento em Diadema

Comerciante que forçou rebaixamento em Santo
Antônio da Platina cobra consciência após reajuste

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
29/07/2015 | 07:00
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Antônio de Picolli/Tribuna do Vale


Comerciante da pequena cidade de Santo Antônio da Platina, no Paraná, Adriana Lemes de Oliveira, 43 anos, que se transformou em símbolo nacional ao conseguir rebaixar o salário dos parlamentares de seu município, condenou a postura dos vereadores de Diadema, que reajustaram vencimentos em 49%, medida que será contabilizada a partir de 2017, com impacto direto de R$ 5 milhões aos cofres públicos em quatro anos.

Há duas semanas, Adriana ficou nacionalmente conhecida por encampar protesto no município. Vereadores de Santo Antônio da Platina haviam aprovado em primeira discussão alta substancial nos próprios salários – de R$ 3.700 para R$ 7.500 – e do prefeito – de R$ 14,7 mil para R$ 22 mil.

Ao saber da primeira votação, Adriana foi cobrar satisfação. Bateu boca com vereadores e a discussão foi gravada por outro munícipe, por celular. O caso foi publicado nas redes sociais e ganhou grande repercussão local. Na segunda votação, quando os parlamentares apenas ratificariam o que haviam decidido anteriormente, a reviravolta: com plenário lotado, faixas e gritos de ordens contra os políticos, eles decidiram derrubar o primeiro projeto de lei e propor, por emenda, redução nos vencimentos de todos os agentes públicos. Os salários dos vereadores caiu para R$ 970 mensais (menor que piso salarial do Estado, de R$ 1.032) e o do prefeito reduziu para R$ 12 mil.

“Foi uma vitória aqui no Paraná. O povo precisa saber da sua força. Falta consciência para o Parlamento de Diadema, porque não é o momento para reajuste. O Brasil passa por momento delicado de desemprego, de inflação. E eles, que estão a serviço do povo, não podem proporcionar um aumento, ainda mais abusivo dessa forma”, pontuou.

Em Diadema, todos os 21 vereadores aprovaram no dia 16, às pressas e em caráter extraordinário, reajuste de 49%, nos salários, proporcionando salto dos atuais R$ 10.192,10 para R$ 15.193,27.

Mesmo com forte pressão popular, os parlamentares sustentaram medida e a Câmara chegou anunciar publicação de nota defendendo acréscimo, respaldado na legalidade constitucional.

Parte dos acuados vereadores diademenses começou prometer ontem medidas eleitoreiras para desatrelar sua imagem ao reajuste aprovado (leia mais abaixo).


PERSISTÊNCIA
Para Adriana, a população de Diadema deve seguir fazendo pressão até que a matéria seja revogada. “O povo tem de dar a cara à tapa. Em momentos como este é preciso deixar suas casas, seu trabalho e cobrar respeito e sensibilidade. Nós somos maioria. O exemplo tem de vir dos vereadores”, disse.

Pelo Facebook, moradores organizam atos de protesto na Câmara para o dia 6, após fim do recesso. Entidades de várias frentes manifestaram repúdio contra o Legislativo, aclamando o princípio da moralidade. Há petições pedindo revogação da proposta.

A mobilização cresceu ainda mais o governo do prefeito Lauro Michels (PV) não honrar o acréscimo de 1,39% nos salários dos servidores, prometido em abril para encerrar greve da categoria. Ao todo, o chefe do Executivo concedeu 7,89% de reajuste para a categoria, parcelados em seis vezes.

Acuados, políticos prometem planos eleitoreiros
Sob forte pressão popular e temendo manchas eleitorais para o próximo ano, os vereadores de Diadema, que há duas semanas não titubearam em aprovar – de maneira unânime – reajuste de 49% nos salários parlamentares, começaram a prometer medidas na contramão da alta salarial para desatrelar imagem da polêmica majoração nos vencimentos em tempos de crise econômica.

Ontem, o líder do governo Lauro Michels (PV) na Câmara, Atevaldo Leitão, informou que o PSDB, seu partido, vai protocolocar emenda para propor salário zero aos vereadores. Curiosamente, Leitão tem batido boca com munícipes pelas redes sociais quando é cobrado – afirma constantemente que o ganho está defasado e que parlamentar precisa de subsídio para defender o povo.

“Será salário zero para o vereador para o ano que vem. Já comuniquei o diretório do PSDB e vamos elaborar proposta. Se há essa aclamação, vamos fazer mais”, afirmou. A proposta ainda não foi protocolada oficialmente.

Outra promessa partiu de bloco de vereadores que tenta se consolidar para disputar a Prefeitura de Diadema. Todos favoráveis ao aumento no dia 16, Vaguinho do Conselho (PSB), Célio Boi (PSB), Ricardo Yoshio (PRB), pastor João Gomes (PRB) e Cida Ferreira (PMDB) declararam que vão abdicar do aumento salarial. Porém, o projeto prevê que a alta seja aplicada somente na próxima legislatura, e não há garantia que eles sejam reeleitos.

Porta-voz do grupo, Yoshio admitiu não saber como será viabilizado o plano, citando apenas que a atitude foi tomada depois de Lauro não honrar reajuste de 1,39% neste mês para os funcionalismo, prometido em abril, para encerrar greve da categoria, que durou 13 dias.

“Em virtude da situação econômica, pensamos abdicar o direito. O prefeito não conseguiu aumentar o salário dos funcionários públicos e isso é muito ruim”, disse. 




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