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Detran vai bloquear 4.900 habilitações

Medida é tomada após investigação que constatou fraude na concessão dos documentos

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
17/07/2015 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Cerca de 5.000 pessoas terão a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) bloqueada pelo Detran SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo). Após investigação, o órgão detectou esquema de compra do documento em sete municípios do Estado: Hortolândia, Jundiaí, Laranjal Paulista, São Vicente, Sumaré, Valinhos e São Caetano, o único do Grande ABC na lista.

Os motoristas vão ser notificados e convocados a prestar esclarecimentos. Caso os mesmos passem por alguma blitz policial ou tentem renovar a CNH, o documento vai apresentar a restrição.

Conforme o Detran, se comprovada a irregularidade para obtenção da CNH, os envolvidos podem responder por crimes de corrupção ativa ou passiva, com penas de prisão de dois a 12 anos, além de multa.

“Isso é crime. O cidadão não pode ser conivente com tais práticas. É preciso mudança de comportamento da sociedade para combatermos essas ações ilegais”, disse o diretor-presidente do Detran.SP, Daniel Annenberg, por meio de nota.

A investigação começou no início deste ano, quando o órgão detectou grande número de documentos emitidos em um curto período de tempo nas sete cidades listadas. Entre as carteiras irregulares estava a do jogador de futebol do Corinthians Malcom Filipe Silva de Oliveira. Após completar 18 anos, ele declarou em entrevista ter um protocolo que o permitia dirigir.

A afirmação chamou a atenção do Detran, já que esse documento não existe e a CNH é de porte obrigatório, não pode ser substituída. O órgão constatou que o atleta havia obtido a habilitação apesar de não constar que tenha concluído todas as etapas do processo, que durou 20 dias. Normalmente, a emissão leva de 75 a 90 dias.

O jogador fez as aulas em uma auto-escola na Capital, mas no endereço informado por ele há uma empresa de cortinas e persianas. Além disso, a habilitação de Malcom foi emitido pelo Detran de Hortolândia, no interior paulista.

Malcom forneceu endereço de residência em Santo André, na Rua Anápolis, 14, Jardim do Estádio. A equipe do Diário foi até o local, mas na via não há o número citado.

Segundo informações do Detran, eram pagos de R$ 2.000 a R$ 6.000 para obter a CNH. Foram identificados 12 funcionários suspeitos de envolvimento no esquema. Eles respondem a processo administrativo e podem ser exonerados se tudo for comprovado.

Na região, quem está tirando a CNH não se preocupa. “Acho que só prejudica quem tem a intenção de comprar, mas quem vai fazer tudo direitinho fica tranquilo”, disse o desempregado Luiz Otávio Vitório, 18 anos, que está fazendo aulas práticas.

“Ainda estou fazendo a cotação, mas não vai prejudicar. Quem acaba se dando mal é quem paga”, disse a auxiliar administrativa Rosana Silveira, 18. 




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