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'Ninguém imaginava ver a GM em concordata', diz consultor em negócios
Bárbara Ladeia
Do Diário do Grande ABC
08/06/2009 | 07:10
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Embora não tenha pegado ninguém de surpresa, o pedido de concordata da GM (General Motors) chocou o mundo. A maior montadora do planeta pediu auxílio na Justiça para que fosse autorizada a não pagar suas dívidas pelos próximos três meses, de forma a reequilibrar suas contas e recomeçar, dessa vez, na Nova GM.

"Ninguém imaginava ver a GM em concordata", comenta Olavo Henrique Furtado, consultor em negócios internacionais da Trevisan. "Quem viu isso, participou de um momento histórico importantíssimo."

Se a concordata do Lehman Brothers foi a gota que faltava para o estouro da crise financeira, o enfraquecimento da GM não passa longe disso.

"É impossível definir como vai ficar o cenário econômico mundial depois desse choque", afirma Furtado. A amplitude da mudança pode tocar os princípios do capitalismo em sua essência. "Com certeza teremos um capitalismo mais enxuto, sem os excessos de consumo que vimos antes."

Furtado aponta que haverá uma reavaliação de empresas e reposicionamento de marcas e produtos. "As empresas vão ter de se redimensionar e pensar em um novo negócio, mais dinâmico, com menos gastos e processos. Se já havia preocupação com custos, de agora para frente ela deverá ser dobrada", detalha o especialista.

Um dos fatores primordiais para essa mudança é a necessidade de inversão no comportamento dos consumidores. "A questão ecológica, por exemplo, não é um adendo, mas uma questão de sobrevivência", explica Furtado. "Não é uma onda, é um conceito sério que veio para ficar."

Não foi à toa que a GM anunciou recentemente que buscaria mão de obra no Brasil para desenvolvimento de novos produtos para o mercado norte-americano. O especialista vê que o know how brasileiro nesse sentido tem muito a acrescentar no mercado internacional. "Ninguém entende de álcool e etanol tão bem quando os brasileiros." No entanto, uma mudança brusca imediata não é cogitada pelo especialista. "Não se trata de uma mercearia, mas de uma indústria sólida e histórica em todo o mundo."

"Nosso modelo de mercado automotivo é diferenciado, justamente porque desde o princípio trabalhamos em cima dos compactos", aponta Waldemir Bulla, sócio-diretor da Protiviti, consultoria de análise de risco. Por esse motivo, hoje, a subsidiária brasileira não corre praticamente nenhum risco de enfraquecimento. "Temos produtos compatíveis ao nosso perfil de consumo e um potencial de consumo muito grande", explica Bulla. "Esse negócio no Brasil vai de vento em popa: estamos vendendo muitos veículos e contamos com apoio do governo"




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