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Desabamento mata operário do Semasa na av. Pereira Barreto
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
03/12/2005 | 08:19
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O encanador Mauro Marques da Silva, 54 anos, morreu soterrado às 10h de sexta-feira numa obra do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) iniciada há três dias em terreno utilizado como estacionamento pelo Shopping ABC, na avenida Pereira Barreto, na Vila Santa Tereza. Silva trabalhava na desobstrução de uma rede de esgoto e estava em uma vala de aproximadamente três metros de profundidade.

O Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais), que representa os trabalhadores do Semasa, classificou a morte do encanador como “assassinato”, pois, segundo o sindicato, não havia escoramento adequado na obra. O Semasa abriu sindicância interna para apurar o caso e afirmou que vai investigar todas as possíveis causas e responsabilidades.

Quando houve o desmoronamento de terra, os cinco colegas de Silva que estavam no local o socorreram, conseguindo remover parte da terra e liberar a cabeça do encanador para que pudesse respirar. Mas ele não resistiu. O encanador era casado, tinha quatro filhos e era funcionário do Semasa havia 26 anos.

O caso foi registrado como desabamento e morte suspeita no 1º DP de Santo André. “Será instaurado um inquérito policial que vai apurar se houve alguma negligência na morte do trabalhador”, afirmou o delegado Luís Polastre. O inquérito também contará com um laudo da perícia técnica, que deve ser emitido entre 15 e 30 dias.

“Isso foi um assassinato. Estive no local e não havia nenhum escoramento na vala. Vamos cobrar na Justiça a responsabilidade do Semasa”, afirmou o representante legal do Sindserv, Jaime de Almeida. Segundo o sindicalista, esta foi a primeira morte de um funcionário em serviço.

“O Semasa não dá cursos de segurança nem equipamentos adequados para o trabalho. Nesse caso fatal, além da falta de escoramento, temos informações que não havia nenhum responsável técnico no local para garantir a segurança”, disse Almeida.

Engenheiro – De acordo com o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), toda obra precisa ter a presença de um engenheiro ou de um técnico. Se houver neglicência, o profissional pode ter o seu registro cassado.

Sobre a falta de escoramento, o Semasa informou que esse método é feito após completados os procedimentos de detecção e sondagens. No caso de sexta-feira, a sondagem da rede de esgoto ainda estava sendo feita pela retroescavadeira. Quando a máquina pára, segundo o Semasa, um funcionário verifica a escavação e se retira. De acordo com a empresa, sexta-feira, por fatalidade, a terra cedeu quando o empregado se preparava para sair da escavação.

A respeito da falta de cursos de segurança e equipamentos, o Semasa disse que oferece todas as condições necessárias nesses dois quesitos para os funcionários realizarem o trabalho. Sobre a suposta falta de um responsável pela obra, o Semasa disse que havia um funcionário com atribuições técnicas denominado “líder” na hora do desabamento.




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