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Aldeia antiga é encontrada em Santo André
Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
20/07/2008 | 07:02
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Um achado arqueológico em Santo André tem trazido muito interesse para o meio acadêmico. Na Serra do Mar, na divisa do município com São Bernardo, há restos do que pode ter sido uma aldeia indígena há 9.000 anos. As primeiras amostras de fragmentos de cerâmica encontradas lá estão em análise. Se confirmado, esse será um dos mais antigos registros da presença humana no Estado de São Paulo.

A descoberta do sítio resulta da procura pela Vila de Santo André de João Ramalho - conhecida como o primeiro povoado do homem branco acima da Serra do Mar. A vila foi fundada em 1553, mas desocupada oito anos depois para agrupar os colonos em outra vila recém-criada: São Paulo de Piratininga. Após a mudança, o local exato da vila também conhecida como Santo André da Borda do Campo se perdeu no tempo.

O construtor Antônio Valmir de Lima, 52 anos, morador de Santo André, é fascinado pela história e pela idéia de haver uma cidade perdida na região. Foi ele quem partiu a campo, nos finais de semana, munido de botas de borracha e pá, para resolver o mistério.

"Ele chutou bem", afirma o arqueólogo Paulo Zanettini, que, em março, colheu pedaços de cerâmica na área indicada por Lima. "O lugar que ele encontrou cabe muito bem nas descrições da vila em documentos históricos. Mas os testes mostram que, ao invés do que procurava, ele acabou encontrando outro sítio, também de grande relevância histórica", explica Zanettini. O arqueólogo fez estudos em diversas áreas do Grande ABC, como a Chácara Cayres, para a Prefeitura de São Bernardo.

Os fragmentos estão em análise química. O teste Carbono 14 revela quando um objeto de cerâmica foi queimado para sua confecção, determinando a idade dele. "Os resultados estão mostrando que as peças podem ter até 9.000 anos. O único sítio arqueológico com essa idade no Estado fica no bairro do Morumbi, na Capital", diz o arqueólogo.

Zanettini informa que já notificou o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), órgão ligado ao Ministério da Cultura que pode determinar o tombamento do local. O endereço exato da aldeia é mantido em sigilo para evitar exploração predatória.

"É um achado interessantíssimo. O lugar dessas peças é o museu, e buscaremos informações para providenciar a preservação do espaço", diz Wilson Roberto Stanziani, gerente do Museu de Santo André.




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