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Paraguaio que seqüestrou filhos tem passagem livre para o Brasil
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
21/12/2004 | 09:20
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O paraguaio Eri Daniel Rojas Villalba não enfrentará nenhum entrave jurídico se quiser entrar no Brasil, mesmo depois de deixar o país há 11 meses levando os filhos Guillermo, 10 anos, e Arturo Rojas Boehler, 7, de São Bernardo sem autorização da mãe. O episódio por pouco não desencadeou uma crise diplomática entre os dois países. A garantia foi dada a Rojas pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul no fim de novembro, como parte do acordo para que entregasse as crianças à mãe, a pastora metodista Genilma Boehler.

A informação foi dada pelo policial federal brasileiro Anísio Vieira, que trabalha na embaixada em Assunção e acompanhou todo o caso. "A segurança de que poderia voltar ao Brasil sem nenhum problema com a Justiça foi um dos fatores decisivos para que Rojas finalmente apresentasse os filhos ao governo paraguaio", diz. Vieira ainda acredita que as pressões políticas de ambos os lados também tenham contribuído para o desfecho positivo.

Na última quinta-feira, Rojas decidiu apresentar-se à Polícia Nacional do Paraguai com os dois filhos, que durante toda a estadia no país vizinho não mantiveram nenhum contato com Genilma. No dia seguinte, a pastora viajou a Assunção e trouxe os garotos de volta ao Brasil ainda na sexta-feira. Desde sábado, a mãe de Guillermo e Arturo tem evitado o contato com a imprensa e tenta manter ao máximo a privacidade da família, que agora viverá em Porto Alegre.

Quando Genilma deu inicio ao longo processo judicial para reaver a guarda dos meninos, o Ministério Público do Paraguai instaurou processo criminal contra Rojas, depois de expedir mandado de prisão do pai foragido. No Brasil, era acusado de seqüestro de menores e furto de veículo, pois deixou o país com o carro da ex-mulher. Depois de dez meses de espera e da lentidão da polícia nas buscas, ainda com ordem expressa do presidente Nicanor Duarte Frutos, a negociação com Rojas passou a ser a única chance de sucesso.

O MP paraguaio também afrouxou as rédeas e retirou o pedido de prisão de Rojas. Sem ameaças e com garantia de que poderia visitar os filhos quando quisesse, decidiu colocar fim à fuga. "A bem da verdade, o MP do Paraguai expediu a prisão para forçar a barra. Pela legislação daqui, ele não cometeu delito. É só um pai emocionado que quis ficar com os filhos a todo custo", avalia Vieira, da Embaixada.

Duas semanas antes de entregar os filhos, Rojas enviou carta a Vieira com duas propostas de acordo. Uma sugeria que ficasse com a guarda dos filhos até 2006, quando já estivessem mais crescidos e não necessitassem tanto dos cuidados da mãe, segundo ele, "negligente". Outra possibilidade seria perguntar a Guillermo e Arturo com quem gostariam de viver, e a vontade deles seria respeitada. O encontro entre os quatro deveria ser acompanhado por testemunhas idôneas. Segundo Anísio, Genilma não aceitou as propostas, mas se mostrou flexível a negociar as visitas.




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