As condições climáticas atuais abrem a temporada mais propícia à soltura de balões e os problemas causados por eles. No último dia 11, um balão caiu ao lado de um avião estacionado no pátio do aeroporto de Guarulhos e quase causou uma tragédia. Na manhã de quinta-feira, oito pessoas foram detidas pela Polícia Ambiental quando tentavam resgatar um balão perto do mesmo aeroporto, em São Paulo.
No Grande ABC, a presença dos balões também já causou estragos. No dia 24 de abril, parte do bairro Campestre, em Santo André, ficou sem energia depois que um atingiu a rede elétrica do local. Três dias depois, um outro balão de pequeno porte caiu e incendiou a área de lazer de um prédio industrial em São Caetano.
Nos últimos quatro anos, o 8º Grupamento do Corpo de Bombeiros de Santo André registrou 86 ocorrências ocasionadas por balões no Grande ABC. Porém, de acordo com o tenente-coronel Valdeir Rodrigues Vasconcelos, é provável que este número tenha sido muito maior. "Algumas vezes, eles não aparecem como a causa do acidente em nossos relatórios. Em outras, eles ocorrem e os bombeiros nem são acionados."
Basta uma pesquisa no site de relacionamentos Orkut para identificar que o problema também aflige a região. Cerca de 65 comunidades relacionadas ao balonismo do Grande ABC são encontradas. A internet se tornou um ponto de encontro para a prática. É pelo Orkut que eles combinam encontros e marcam eventos de soltura que geralmente ocorrem aos sábados à noite e domingos de manhã.
Ao contrário do que é visto nos céus, os "baloeiros conscientes" afirmam que o período é considerado como férias, por conta do apelo das campanhas de conscientização, e o conseqüente cerco das autoridades policiais.
O baloeiro, apelidado de Canela, tem 28 anos e desde os 11 faz e solta balões. Ele acredita que o grande problema da soltura não seja o risco de incêndio e, sim, o tumulto por conta do resgate. "Pessoas que não têm experiência fazem arruaça, sobem nos telhados e quebram telhas das casas das pessoas. Mas estes não são baloeiros autênticos, são o que chamamos de ‘índios.'"
Canela admite que os balões sejam perigosos, mas não pensa em deixar de confeccioná-los. "A lei proibiu, mas os balões continuam. Não é porque há risco que vamos parar. Os carros também oferecem riscos de acidentes e nem por isso vão deixar de fabricá-los", compara.
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