Duas semanas após a morte do gari Alceu Ferraz, 61 anos, que foi atropelado durante o horário de serviço pela estudante de arquitetura Hivena Queiroz del Pintor Vieira, 24, no Centro da Capital, a família da vítima, que é de Ribeirão Pires, pretende pedir indenização na Justiça. O trabalhador deixou a mulher, três filhas e três netos, o mais novo de 12 anos.

Ferraz pegava o trem todos os dias rumo à Capital. A dura rotina tinha como objetivo proporcionar vida digna a seus familiares. De acordo com o advogado da família do gari, Ademar Gomes, ele era um homem dedicado. “Era uma pessoa admirada por todos. Não possuía nenhum tipo de vício e ajudava nas despesas da casa com todo o seu salário.”

Segundo Gomes, os parentes estão traumatizados e se negaram a conversar com a reportagem do Diário. “Eles perderam o porto seguro da casa, a pessoa que incentivava todos. No momento a dor é muito grande, pois a relação deles era excelente.”

De acordo com o advogado, o pedido de indenização deve ser feito após a conclusão da apuração dos fatos. “Os pais da estudante também são responsáveis, pois ela não trabalha. Eles a sustentam e, inclusive, lhe deram o carro, portanto também tem participação nas atitudes da filha.”

Ele reitera que a versão da jovem sobre o ocorrido é infundada. “Não acredito nas alegações dela. Ela afirma que desconhece São Paulo, mas mora e estuda na cidade. Ela também saiu de um local suspeito, próximo à cracolândia, e ter se sentindo ameaçada por dois garis mostra que estava fora de suas condições normais.”

A estudante, que confessou ter fugido do local do acidente, responderá por homicídio culposo ( quando não há intenção de matar), lesão corporal culposa, fuga do local do acidente e omissão de socorro. A equipe do Diário tentou entrar em contato com o advogado da jovem sem sucesso.