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Um médico e mais de 9h de espera em Sto.André
Por Fabio Leite
Espcial para o Diário
01/12/2005 | 08:23
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Pronto Atendimento só no nome. Assim os pacientes do PA Central, em Santo André, definiram a unidade médica a constar pela longa e demorada fila de espera para passar pelo único médico em exercício durante a tarde de quarta-feira. Alguns chegaram a ficar mais de nove horas com a senha em mãos aguardando a consulta pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Outros, que não tiveram a mesma “sorte”, foram vencidos pelo cansaço e desistiram do atendimento.

Foi o caso do comerciante Luiz Bezerra da Silva, 58 anos, que desde as 9h esperava uma consulta com o clínico-geral para poder curar o inchaço que tomava suas mãos e braços. “Está tudo inchado. Chega a doer”, disse. Por volta das 18h, o andreense já se encontrava – sem mais esperanças – do lado de fora da unidade. “Já saí e já voltei e, até agora, nada. Vou embora porque aqui não tem como ser atendido”, lamentou o comerciante.

De acordo com a aposentada Edir Caruso Girotto, 66 anos, um único paciente demorava até uma hora para ser chamado. Desde as 14h à espera de uma consulta e com tosse seca, Edir dizia estar “horrorizada” com o atendimento no PA Central. “É uma situação horrível. Dependo do serviço público e isso é uma porcaria. Só tem um médico para atender todo mundo”, afirmou. Segundo ela, essa foi a primeira vez que visitou as dependências do Pronto Atendimento Central. “Não volto mais aqui”, completou antes de deixar o local sem ser atendida.

Pela mesma situação passou a balconista Uiana Marques Mascarenhas, 24 anos. Com pressão baixa, ela também perdeu a paciência e abandonou a fila que já enfrentava há quatro horas. “Nunca esperei tanto como hoje. Cheguei a ver enfermeira atendendo porque não tinha médico”, contou.

Com torcicolo, o pintor Manoel Antônio da Silva, 31 anos, não queria adiar a consulta para outro dia e disse que iria procurar outra unidade emergencial. “Vou ter de ir para outro lugar porque não atendem. Minha coluna já está travando”, disse depois de sete horas de fila.

Segundo a copeira Maria Aparecida Gonçalves, 46 anos, o pintor fez bem. Uma das “sortudas” a serem atendidas pelo clínico-geral, a mulher estava indignada com a consulta. “Ele perguntou o que sentia mas nem me deu receita”, relatou. A copeira afirmou que chegou desmaida ao Pronto Atendimento por volta das 11h, mas só passou pelo médico no fim da tarde.

Questionada pelo Diário, uma funcionária do PA Central disse que o tempo de espera previsto para atendimento era de cinco horas e confirmou que apenas um médico atendia no período da tarde. A Prefeitura de Santo André classificou o dia de ontem no Pronto Atendimento como “atípico”. Segundo a administração, a carência no atendimento médico foi ocasionada pelo alto número de casos emergencias graves e que estes recebem preferência.

A administração municipal informou que o PA Central operou normalmente ontem, com três médicos clínico-geral e três pediatras. Contudo, alegou que as três mortes registradas na unidade quarta-feira, número considerado fora do normal, tomaram tempo e boa parte da equipe médica presente.

A demora para o atendimento médico tem sido uma rotina para aqueles que dependem da rede pública de saúde. Há três meses, no mesmo PA Central, pacientes da região já reclamavam do longo tempo de espera por uma consulta. Na ocasião, a arrumadeira Maria Aparecida Domingos, 56 anos, chegou a ficar nove horas na fila antes de entrar no consultório.



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