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Cinema e TV se rendem a Jorge Amado
Cássio Gomes Neves
Da Redação
07/08/2001 | 00:39
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Na conversão da bibliografia de Jorge Amado para o cinema, quantidade constantemente rimou com qualidade. A etiqueta do escritor baiano esteve presente em nove adaptações para a tela grande, não contabilizados aí os documentários que se debruçaram sobre o fértil relacionamento cultivado entre Amado e a película.

Jorge Amado descansa ao lado de Sônia Braga e José Wilker, durante gravação de 'Dona Flor' O noivado não rendeu melhor produto desde que o diretor Bruno Barreto voltou suas câmeras para a adaptação de Dona Flor e Seus Dois Maridos, em 1975. O triângulo amoroso dosado por sensualidade, sexo maroto e amores (adaptado do volume homônimo publicado em 1966) chegou às telas eternizado nas performances de Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça.

O filme de Barreto invadiu um território demarcado pelo engajamento do Cinema Novo e pela produção movida a bricolage do Cinema Marginal. Dona Flor fez 12 milhões de espectadores, o maior público brasileiro para uma produção nacional, uma marca que continua intocada até hoje.

Mas coube ao norte-americano Eddie Bernoudy a estréia do universo amadiano nos cinemas. Em 1948, contratado pela Companhia Atlântida, Bernoudy rodou Terra Violenta, sua visão cinematográfica sobre o livro Terras do Sem Fim.

Entre Terra Violenta e Dona Flor e seus Dois Maridos, dois diretores estrangeiros comandaram filmagens com livros de Amado a tiracolo. Alberto D'Aversa, italiano radicado no Brasil, lançou Seara Vermelha, em 1963, sete anos antes do norte-americano Hall Bartlett consultar Capitães de Areia para trançar o enredo de The Wild Pack, produção norte-americana que, ao ser exibida na TV brasileira, foi traduzida como Stella.

No mesmo ano em que Dona Flor foi lançado, Marcel Camus realizou Otália da Bahia, baseado no livro Os Pastores da Noite. Jorge Amado voltou a inspirar um cineasta em 1977, quando Nelson Pereira dos Santos levou a cabo a produção de Tenda dos Milagres, outro grande momento amadiano no cinema voltado para Pedro Arcanjo, personagem que faz de suas palavras a defesa dos mestiços.

Na década seguinte, Barreto convocou Sônia Braga e Marcello Mastroianni, em 1983, para protagonizar Gabriela, quatro anos antes de Jubiabá, outra vez sob a batuta de Nelson Pereira.

E Sônia Braga encabeçou o elenco de Tieta do Agreste, filmado por Cacá Diegues e marcado por ser a última adaptação de uma obra do baiano para a tela grande. Uma relação que ainda ganhou tom de não-ficção em dois documentários: Na Casa do Rio Vermelho, de Fernando Sabino, e Jorjamado no Cinema, concluído por Glauber Rocha, conterrâneo do imortal escritor.

TV – Na TV, o universo amadiano seguiu a trilha de várias obras cinematográficas. O segmento televisivo começa com a novela Gabriela, veiculada pela extinta TV Tupi em 1961. O mesmo texto inspirou a Rede Globo a realizar, em 1975, Gabriela – Cravo e Canela, tendo nos créditos principais os atores Sônia Braga e Armando Bogus, este um dos atores preferidos de Jorge Amado.

Na década de 80, a obra literária adaptada foi Terras do Sem Fim, cuja trilha sonora inclui Cantiga de Cego, com letra de Amado e música de Dorival Caymmi. No formato minissérie, a Globo verteu para o vídeo Tenda dos Milagres em 1985 e repetiu a fórmula com Tereza Batista Cansada de Guerra, em 1992. Entre uma minissérie e outra, a emissora realizou o maior sucesso de uma obra inspirada em Amado: Tieta. A obra se transformou em novela com uma interpretação inesquecível de Betty Faria. Era 1989 e, atenta ao filão, a Bandeirantes seguiu a trilha e exibiu a minissérie Capitães de Areia.

As obras em vídeo desembocam em Tocaia Grande, novela exibida em 1995 na extinta TV Manchete, no remake Dona Flor e seus Dois Maridos (minissérie de 1998 com Giulia Gam, Edson Celulari e Marco Nanini) e na atual novela das oito da Rede Globo, Porto dos Milagres, que promove uma miscelânea entrecortada de Mar Morto e A Descoberta da América pelos Turcos, duas obras bastante distintas dentro do universo de Jorge Amado.




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