O núcleo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST-BA) vai aguardar até sexta-feira uma resposta do Instituto Nacional de Colonizaçao e Reforma Agrária (Incra) às suas reivindicaçoes antes de reiniciar a ocupaçao de prédios públicos no Estado. A informaçao foi dada nesta quarta, em Salvador, por um dos coordenadores do MST da Bahia, Walmir Assunçao, que comanda o acampamento de 200 sem-terra em frente à sede da Receita Federal. Na sexta-feira o líder do MST, José Rainha Júnior, chega a Salvador.

Assunçao e Rainha devem liderar na manha de sexta-feira uma passeata do MST pelas ruas do Comércio, no centro da capital baiana. Depois é possível que os sem-terra ocupem o prédio da Receita Federal. "Nao entramos até agora para mostrar à sociedade baiana que o governo nao cumpre a palavra", disse Assunçao.

Ele lembrou que 400 sem-terra desocuparam a sede regional do Instituto Nacional de Colonizaçao e Reforma Agrária (Incra) há 15 dias após o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, ter se comprometido a receber uma comissao de trabalhadores para discutir a pauta de reivindicaçoes. "O ministro nos recebeu mas nao discutiu a pauta e se soubessemos que a reuniao seria assim teríamos enviado o documento por fax" reclamou.

De acordo com Assunçao, depois desse episódio a populaçao brasileira pôde constatar que a única forma de o MST abrir canais de diálogo com o governo, para apressar a reforma agrária é "pressionando, ocupando prédios públicos e fazendas improdutivas". A Polícia Militar nao apareceu no acampamento do MST montado no estacionamento do prédio da Receita Federal de Salvador.

O líder José Rainha passou o dia visitando os 17 assentamentos dos sem-terra no município de Itamaraju, a 738 quilômetros de Salvador. "Ele está agradecendo a solidariedade recebida durante os dias em que durou o seu julgamento", disse Assunçao.