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UnB desenvolve nova tecnologia para borracha amazônica
Do Diário do Grande ABC
10/05/2000 | 16:09
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A borracha natural da Amazônia passa por uma crise desde que as safras dos seringais plantados no Centro-Sul chegaram ao mercado, crise essa que deve se agravar com a recente abertura das importaçoes e o fim dos subsídios, previsto para breve. Além da distância dos centros consumidores, a borracha amazônica tem problemas de qualidade, por causa do tratamento dado ao látex para armazenamento e transporte.

Uma equipe de cinco químicos e engenheiros florestais trabalha desde 1995 no Laboratório de Tecnologia Química da Universidade de Brasília (UnB) para contornar esses problemas de qualidade. E já começa a levar os primeiros resultados para os seringais do Juruá, na margem direita do rio Amazonas.

"A borracha dos seringais nativos da Amazônia tem um peso molecular maior do que a dos seringais plantados e essas moléculas mais complexas permitem criar nichos técnicos de mercado, como fitas adesivas e colas", exemplifica o químico Floriano Pastore Júnior, coordenador da equipe na UnB. Ele desenvolveu uma tecnologia alternativa de tratamento do látex, ainda nos seringais, que permite manter as qualidades especiais da borracha amazônica e elimina a necessidade de usinagem, agregando valor ao produto amazônico e eliminando intermediários.

Apelidada de Tecbor, a nova tecnologia consiste na coagulaçao do látex em bandejas e nao em placas ou bolas, com ácido pirolenhoso em vez do tradicional ácido acético. O látex coagulado é entao prensado e colocado em "varais" protegidos do sol e chuva em vez de ser defumado. "Tivemos problemas com fungos na fase de armazenagem e transporte, mas já encontramos uma soluçao, com o uso de uma pasta preservante entre as folhas de borracha, depois embalada em plástico", comenta Pastore Jr. A pasta ainda será aperfeiçoada, mas a borracha tratada com a nova tecnologia já pode ir para o mercado.

Para o seringueiro, um quilo da borracha tradicional, quando encontra comprador, rende cerca de 90 centavos, dos quais ainda se desconta o frete até a usina. A borracha tratada com a nova tecnologia rende de 1,50 a 2 reais o quilo.

A equipe da UnB agora pesquisa formas de produzir o ácido pirolenhoso em cidades próximas dos seringais, como Carauari, sede do município onde os primeiros 40 seringueiros experimentaram a Tecbor. Atualmente o insumo vem da Bahia.

A borracha de alta qualidade, resultante do novo processo, já encontrou mercado no Rio Grande do Sul, na indústria automobilística, que testa sua aplicaçao como redutora de atrito em amortecedores. A organizaçao ambientalista Greenpeace também busca mercado no exterior para as folhas de borracha, como mouse pads de computadores.

As folhas podem, ainda, ser vulcanizadas e utilizadas em diversos produtos domésticos e de escritório, como jogos americanos, porta copos, porta papéis etc.




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