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Às raias do ideal

Claudia Raia volta aos palcos com 'Cabaret', musical que ela
planejava fazer há 20 anos e no qual interpreta a bêbada Sally

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
16/01/2012 | 07:30
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Enquanto corre na esteira - o que faz sempre cantando e falando -, Claudia Raia, por telefone, dá entrevista ao Diário. O esforço contínuo para estar em forma tem razão especial nesta ocasião, a reestreia de 'Cabaret', o musical que há 20 anos ela esperou para fazer.

"Me dá fôlego para o espetáculo. Mas eu sempre fui bastante agitada. Acaba que a mulher acumula muitas funções, estar em cena, divulgar, ser mãe, fazer temporada em São Paulo e morar no Rio", comenta, explicando o fôlego natural de quem, além de cuidar da família e dos trabalhos, não deixa de se aprimorar.

"Eu não paro de me preparar. Pelo menos três vezes por semana faço aula de dança e duas de canto. Danço na vida, é o ar que eu respiro."

PERSEGUIÇÃO
Quando Jorge Takla fez a primeira versão brasileira de 'Cabaret', ela ficou de fora por estar comprometida com 'Rainha da Sucata' e o papel de Sally Bowles ficou com Beth Goulart. Até 2011, foram várias tentativas de conseguir os direitos do musical, que estavam sempre reservados.

"Foi uma perseguição, pensava ‘daqui a pouco minhas pernas não levantam mais e eu não consigo fazer essa mulher'", diz.

A espera, segundo a atriz, foi benéfica para que ela conseguisse despir todas ‘as cascas da cebola' da personagem que já foi interpretada por Liza Minnelli no cinema.

"Ela é uma perdedora, daquelas pessoas que se apoiam na piada para sobreviver. O único momento em que Sally existe é quando um foco de luz chega nela e ela canta. Uma mulher carismática, com muito jogo de cintura, que ainda assim tem ingenuidade e pureza que não condizem com a vida que tem. Você vai descobrindo a mulher por trás dessas cascas, essa dubiedade é muito interessante para uma atriz."

Claudia, que considera a profissão do ator como a de um ladrão, que sempre tem de estar roubando o que há de melhor nos outros, revela que não parte de suas experiências pessoais para compor seus personagens.

"Eu, quando busco minhas experiências, não consigo chegar lá. Vou pelo caminho da personagem e consigo trilhar sua história."

Para fazer Sally, a divertida mulher que trabalha em um cabaré alemão às vésperas da Segunda Guerra Mundial e se apaixona pelo estudante Cliff, ela partiu da solidão que via na personagem, e no refúgio que ela busca no álcool.

"Eu não bebo uma gota de álcool, jamais fiquei bêbada, inclusive. Para mim é um desafio enorme. Quando fiz a cena da Jaqueline (de 'Ti-Ti-Ti') completamente bêbada, a Marília Carneiro (figurinista da Globo) falou brincando que eu bebia escondido para conseguir fazer a cena. Não sei de onde vem, é de observação."

O CUME
No meio do ano Claudia volta às telas no remake de 'Guerra dos Sexos', no qual interpretará Vânia, que foi de Maria Zilda Bethlem na versão original. Seu par será Edson Celulari, de quem ela se separou há um ano e meio.

Sem planos além da novela, ela conta que seu único sonho seria interpretar a Viúva Porcina em um remake de 'Roque Santeiro'.

No teatro, por enquanto não tem mais ambições. "Acho que não tem personagem como a Sally, mas estou enfiada de cabeça em 'Cabaret'. Acho que ele tem tanto ainda para me dar, e eu para ele, que nem penso em outro projeto."

Aos 45 anos, com fôlego de jovem, ela acredita que é o seu espírito brincalhão que conserva no seu séquito uma série de fãs jovens. "É a energia moleca, meio adolescente, que eu dou aos meus personagens. O dia que fizer algum projeto infantil, fico rica."

Dramático, engraçado, sensual, romântico, 'Cabaret', com excelente adaptação de Miguel Falabella, leva uma gama de emoções ao palco do Teatro Procópio Ferreira (Rua Augusta, 2.823, São Paulo. Tel.: 3083-4475). Claudia, que dispensa apresentações, brilha ao lado de Jarbas Homem de Melo como MC. A peça está em cartaz até 26 de fevereiro às quintas (21h), sextas (21h30), sábados (18h e 21h30) e domingos (18h). Os ingressos custam entre R$ 40 e R$ 200.




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