Família de jovem com paralisia cerebral garante
direito na Justiça, mas Paço alega que não há leito
“Gostaria que ele não morresse aqui. Mas vão acabar com o restinho de vida do meu filho, porque não querem tirá-lo dessa situação enquanto é tempo”. O relato é de Laurita Lina de Sousa, 50 anos, moradora do bairro Cooperativa, em São Bernardo. A dona de casa é uma mãe desesperada, que desde o dia 13 vê o filho Lucas de Sousa Santos, 20, em uma maca no setor de emergência do Hospital e Pronto Socorro Central da cidade, quando o jovem precisa dos cuidados de uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Laurita recorreu à Justiça e obteve liminar na segunda-feira que determina a disponibilização imediata de vaga em UTI e o fornecimento do adequado tratamento ao jovem. Mas, até ontem, o rapaz, que é portador de paralisia cerebral e gastrostomia (orifício para alimentação via sonda), permanecia na mesma situação: na pequena sala de emergência, junto a cerca de 30 a 40 pacientes com diversas enfermidades, instalados em macas próximas umas das outras.
Santos deu entrada na unidade no dia 13, com quadro de pneumonia e baixa na saturação de oxigênio. No dia seguinte, a mãe solicitou que o filho fosse alimentado com leite com chocolate, mas lhe informaram que ele tinha que tomar a dieta enteral (feita pela sonda). Laurita avisou que o rapaz passava mal com ela e, ainda assim, esta lhe foi dada. Santos teve refluxo e aspirou o alimento, precisando de entubação imediatamente.
Desde então, ele permanece internado na emergência, com diagnóstico de choque séptico (infecção que pode se espalhar pelo organismo).
Diariamente, a família solicitou vaga de UTI. Sem ter o pedido atendido, procurou, então, a Defensoria Pública. A defensora e coordenadora do Núcleo dos Direitos do Idoso e da Pessoa com Deficiência, Renata Flores Tibyriçá, tentou contato com o hospital para solucionar o caso extrajudicialmente, mas foi informada de que a UTI estava lotada e que uma vaga era procurada em em outro local. Na sexta-feira, a advogada ajuizou ação pedindo a vaga e a liminar foi concedida na segunda-feira. Porém, nada foi resolvido. “Deveriam ter mais consideração e respeito pelo menino, que, além de tudo, tem deficiência”, falou a mãe.
A secretária de Saúde, Odete Gialdi, disse ontem ao Diário, durante plenária do OP (Orçamento Participativo), na Vila Ferreira, que a liminar será respeitada, “mas como não há vagas em UTI, não sabemos quando o paciente será transferido. Esperamos que seja logo”, declarou.
“Trata-se de uma situação de gravidade. A juíza não fixou multa em caso de descumprimento, mas ela pode ser solicitada”, afirmou a defensora Renata.
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