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São Bernardo descumpre liminar para vaga em UTI

Família de jovem com paralisia cerebral garante
direito na Justiça, mas Paço alega que não há leito

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
24/06/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


“Gostaria que ele não morresse aqui. Mas vão acabar com o restinho de vida do meu filho, porque não querem tirá-lo dessa situação enquanto é tempo”. O relato é de Laurita Lina de Sousa, 50 anos, moradora do bairro Cooperativa, em São Bernardo. A dona de casa é uma mãe desesperada, que desde o dia 13 vê o filho Lucas de Sousa Santos, 20, em uma maca no setor de emergência do Hospital e Pronto Socorro Central da cidade, quando o jovem precisa dos cuidados de uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Laurita recorreu à Justiça e obteve liminar na segunda-feira que determina a disponibilização imediata de vaga em UTI e o fornecimento do adequado tratamento ao jovem. Mas, até ontem, o rapaz, que é portador de paralisia cerebral e gastrostomia (orifício para alimentação via sonda), permanecia na mesma situação: na pequena sala de emergência, junto a cerca de 30 a 40 pacientes com diversas enfermidades, instalados em macas próximas umas das outras.

Santos deu entrada na unidade no dia 13, com quadro de pneumonia e baixa na saturação de oxigênio. No dia seguinte, a mãe solicitou que o filho fosse alimentado com leite com chocolate, mas lhe informaram que ele tinha que tomar a dieta enteral (feita pela sonda). Laurita avisou que o rapaz passava mal com ela e, ainda assim, esta lhe foi dada. Santos teve refluxo e aspirou o alimento, precisando de entubação imediatamente.

Desde então, ele permanece internado na emergência, com diagnóstico de choque séptico (infecção que pode se espalhar pelo organismo).

Diariamente, a família solicitou vaga de UTI. Sem ter o pedido atendido, procurou, então, a Defensoria Pública. A defensora e coordenadora do Núcleo dos Direitos do Idoso e da Pessoa com Deficiência, Renata Flores Tibyriçá, tentou contato com o hospital para solucionar o caso extrajudicialmente, mas foi informada de que a UTI estava lotada e que uma vaga era procurada em em outro local. Na sexta-feira, a advogada ajuizou ação pedindo a vaga e a liminar foi concedida na segunda-feira. Porém, nada foi resolvido. “Deveriam ter mais consideração e respeito pelo menino, que, além de tudo, tem deficiência”, falou a mãe.

A secretária de Saúde, Odete Gialdi, disse ontem ao Diário, durante plenária do OP (Orçamento Participativo), na Vila Ferreira, que a liminar será respeitada, “mas como não há vagas em UTI, não sabemos quando o paciente será transferido. Esperamos que seja logo”, declarou.

“Trata-se de uma situação de gravidade. A juíza não fixou multa em caso de descumprimento, mas ela pode ser solicitada”, afirmou a defensora Renata.  




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