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Falta mão de obra qualificada no mercado de trabalho
Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
31/05/2010 | 07:00
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Quem vê o índice de desemprego no Grande ABC - 13% em abril, segundo dados da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) em conjunto com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) - não imagina que sobram vagas. O problema é selecionar pessoas que tenham qualificação para ocupar os postos que ficam ‘em aberto' por todo o País. Isso é o que mostra a pesquisa realizada pela Manpower (empresa de serviços em recursos humanos).

Empregadores têm mais dificuldades na hora de contratar no Brasil - 64% dos quase mil entrevistados apontaram que faltam profissionais adequados para preencherem as vagas - o segundo maior índice em ranking mundial, atrás do Japão, com 76%. No mundo todo, 31% dos pesquisados disseram ter problemas para contratar por falta de especialização, um ponto percentual acima do resultado de 2009.

"No ranking das profissões, os técnicos em produção, operações, engenharia e manutenção, principalmente os de nível médio, foram os mais citados, seguidos pelos trabalhadores de ofícios manuais e pelos operadores de produção (veja arte acima)", cita Pedro Guimarães, diretor comercial da Manpower no Brasil.

Para ele, esse cenário é reflexo do momento econômico que o País vive. "Ouvimos falar dos PACs (Programas de Aceleração do Crescimento), dos investimentos em infraestrutura e na disponibilidade do crédito, e isso reflete diretamente no consumo, no crescimento das grandes empresas e indústrias que precisam fabricar para abastecer o mercado interno e externo", explica.

O problema é a desvalorização da formação técnica. Na visão da professora do Núcleo de Estudos em Gestão de Pessoas da ESPM (Escola superior de Propaganda e Marketing) Adriana Gomes, há supervalorização sob a formação de nível superior, como se o nível técnico perdesse seu valor. "O mercado necessita de pessoas que ingressem não só na indústria metalúrgica, mas também na moveleira e siderúrgica", comenta.

Com o déficit, quase 100% das pessoas formadas nessa área são empregadas. "Pena que os jovens não entendem que esses outros segmentos podem concretizar carreira promissora. O pior é que não é apenas nessa área que faltam profissionais, são em diversas, o que chamamos de ‘apagão de mão de obra'", alerta.

Segundo Guimarães, as alternativas seriam expandir as possibilidades e considerar outras regiões na busca por profissionais. Além disso, pode-se recapacitar dentro da própria corporação pessoas com pré-disposição a realizar outro tipo de ofício.

Atualmente, além das Fatec's e Etec's, o tradicional Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) oferece, em todo o Estado, cerca de 26 mil vagas por ano para os cursos técnicos - com duração de dois anos, em média.

Expansão - Como os programas são gratuitos, a rede não consegue dar conta de toda a demanda. "De todos os que se formam no Senai, 82% são absorvidos pelo mercado logo depois de completar o curso", afirma Fábio Renato Lopes, coordenador técnico da escola Senai Mario Amato, de São Bernardo.

A procura é tanta que a rede já investe para ampliar os cursos. "A região possui muitas micro e pequenas empresas, que chamamos de terceiras. São elas que abastecem as médias e grandes corporações, e utilizam muito esse tipo de mão de obra (técnica)", sintetiza Lopes.

No Grande ABC existem unidades do Senai (duas em São Bernardo, uma em Diadema, uma em Mauá, uma em Santo André e outra em São Caetano). Os interessados passam por processo seletivo que acontece semestralmente. É necessário ter o ensino médio completo. Interessados podem acessar o site do Senai (www.senai.br), para acompanhar a próxima data para inscrição.




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