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Jardim Santo André ainda vive o drama
Por William Cardoso
Do Diário do Grande ABC
25/10/2008 | 07:02
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Uma semana após a morte da adolescente Eloa Cristina da Silva, 15 anos, ainda é prematuro dizer que a paz se instalou plenamente no Jardim Santo André. O assassinato da garota pelo ex-namorado Lindemberg Fernandes Alves, 22, ainda é assunto principal das conversas entre moradores, mesmo entre aqueles já resignados com o cotidiano violento do lugar.

As crianças voltaram a brincar nas ruas, desimpedidas e livres dos carros da polícia e das numerosas equipes de reportagem que ocuparam o espaço e o tempo de quem por lá vive. Porém, as 100 horas do mais longo caso de cárcere privado da história do Estado permanecem vivas na memória dos mais velhos, como se fosse ontem. "Não tem quem não passe por ali sem apontar para a janela. Vai demorar para ser como antes", afirmou o vigia Jair França, 38 anos, em uma roda de amigos há 50 metros do local onde ocorreu a ação policial.

O coletor Severo Nunes Leite, 40, não se cansa de lembrar do momento em que Eloa apareceu na janela e a mãe, Ana Cristina Pimentel da Silva, gritou desesperada, "vem para cá, minha filha", enquanto a garota era mantida refém pelo ex-namorado . "Quando falo sobre isso, até me arrepio. Fico mesmo bastante emocionado, mesmo. É uma coisa sobre a qual todo mundo sempre irá se recordar, não tem jeito", disse.

Uma semana já se foi, mas ainda causa pavor na operadora Maria Aparecida Chaves, 37. "Acordava, dormia, e era sempre o mesmo pesadelo. Agora, me dá uma angústia quando chego na lavanderia e olho para o bloco onde Eloa morava", explicou.

Os momentos de tensão que antecederam o desfecho trágico foram acompanhados de perto por quem passou pela padaria localizada há 50 metros do bloco 24, onde Eloa morava com os pais e o irmão mais novo. O lugar se tornou um ponto de encontro obrigatório dos profissionais que, por algum motivo, tiveram participação no caso. Era lá que os médicos do resgate encontravam por acaso com oficiais da Polícia Militar e repórteres, entre um lanche e outro. Uma semana depois, a proprietária do estabelecimento já vê a rotina voltar ao normal. "Naquela semana, recebia os repórteres, o pessoal da polícia e os médicos. Agora, são os velhos rostos conhecidos de sempre que estão de volta. Está tudo na normalidade", disse Maria Aparecida da Silva, 33.

Ao redor do prédio de Eloa, não há mais viaturas da PM, nem o cerco policial. Só pichações com pedidos de Justiça, críticas a Lindemberg e saudações à garota que foi vítima do ciúme. "Quem ama não mata", aponta uma delas.




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