"Cada coisa tem seu tempo. Agora é 2004. É eleição municipal. Só sou candidato a fazer um bom governo em São Paulo. Amasso barro, acordo cedo e durmo tarde", despistou Alckmin, que é um dos nomes fortes do PSDB para concorrer ao Palácio do Planalto e quarta esteve em Diadema.
O tucano Brandão evitou falar com a imprensa, a não ser com os jornalistas ligados à própria campanha. Além das centenas de militantes que agitavam bandeiras e gritavam palavras de ordem, a comitiva foi encorpada por aliados do segundo-turno, como o vereador mais votado Aidan Antonio Ravim (PDT); o futuro prefeito de Rio Grande da Serra, Adler Kiko Teixeira (PSDB); Leonel Damo (PV), que ainda está na disputa em Mauá, e Wilson Bianchi (PMDB), terceiro colocado na primeira etapa em Santo André.
O governador chegou a Santo André por volta das 12h30, de helicóptero. Desde que a passeata teve início, não teve um minuto de sossego. Uma multidão se espremia ao longo da rua Campos Sales, e o cordão de isolamento formado em torno da dupla Alckmin e Brandão pouco surtiu efeito. Eles passaram grande parte do tempo encurralados na calçada, e só com muito esforço era possível enxergar os dois. Só quem esperava na porta dos comércios conseguiu ganhar um sorriso do governador, e alguns mais sortudos conseguiram tirar fotos ou dar-lhe a mão.
Meia volta - O tour eleitoral deveria seguir por todo o calçadão da rua Coronel Oliveira Lima, mas não passou de uma volta no quarteirão - volta bastante demorada, diga-se, que durou cerca de 40 minutos e teve direito a paradinha para um café expresso. Os organizadores tiveram de mudar o trajeto de última hora, e encurtar o caminho pela rua 1º de Maio. O motivo: no meio do calçadão, um grupo de cerca de 100 petistas aguardava com bandeiras e apitos a chegada dos tucanos, que decidiram não aceitar a provocação, pegando um atalho. Houve muita gritaria, bate-boca, um ou outro empurra-empurra. Mas não passou de um atrito de rotina.
Sobre o incidente, o governador disse já estar acostumado com a postura dos petistas. "No tempo do Mário Covas foi assim, éramos agredidos durante a campanha. Procuro evitar provocação", disse.
No "tempo do Mário Covas", durante campanha para o governo do Estado, em 1998, Geraldo Alckmin era o vice da chapa do PSDB que concorria à reeleição. O segundo-turno foi disputado contra Paulo Maluf (PP). Na época, quem apoiou os tucanos em Santo André foi o prefeito Celso Daniel e o vice João Avamileno. Newton Brandão e Duílio Pisaneschi pediram votos para Maluf. Hoje, seis anos depois, o discurso é outro. "Isso é a democracia. Já apoiamos a Marta Suplicy em São Paulo. E já fomos apoiados pelo PT em outras ocasiões. É normal", justificou Alckmin.
Duílio agradeceu a mãozinha do governador, passados seis anos desde que subiram em palanques diferentes. "Hoje estamos juntos, no mesmo barco. Essa é a democracia que temos em nosso país, graças a Deus. O apoio do governador é importante para nós, demais da conta", afirmou o vice de Brandão.
Ao final da caminhada, o governador disse acreditar numa virada do tucano no segundo turno e classificou a disputa como "uma luta entre Davi e Golias". "Tivemos menos recursos que o adversário. E Brandão é o guerreiro do bom combate", elogiou.
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