A principal opção de lazer dos moradores de Paranapiacaba é ainda hoje a mesma do século retrasado: o campo de futebol do União Lyra Serrano, um dos primeiros do Brasil. Não é a pior das notícias, diante de outro problema que mostra como a Vila retrocedeu no tempo. Atualmente, os meios de subsistência são ainda mais escassos do que há pouco mais de 100 anos, quando a ferrovia garantia emprego à massa de ingleses da São Paulo Railway que vivia no local.
Entre o passado promissor e o futuro perdido no horizonte, a comunidade local tenta encontrar uma forma de se manter nos trilhos. Promessa da administração municipal, a sustentabilidade por meio do turismo não veio nos últimos anos. Os turistas ainda não descobriram o lugar como destino atrativo e mesmo aqueles que o conhecem, encontram dificuldade para chegar até lá.
A vila ferroviária sem trem não oferece opções razoáveis de transporte para quem se dispõe a explorá-la. É o elo ausente na corrente econômica que deveria unir os R$ 8 milhões investidos pela Prefeitura de Santo André nos últimos seis anos ao dinheiro de quem passearia por lá, mas que ainda não apareceu.
Os moradores apontam também a ausência de um calendário de eventos capaz de instigar o turismo em épocas variadas. Resta o Festival de Inverno e também o da fruta cambuci. A impressão é de que seria necessário fomentar uma cultura local para dar identidade própria à Vila. A administração municipal assume que não é tarefa fácil.
No dia 16, durante a entrega de melhorias, o prefeito João Avamileno (PT) se viu diante de um desafio que mostra o quanto Paranapiacaba ainda carece de infra-estrutura para atender os visitantes. Naquela terça-feira chuvosa, um casal paulistano passeava havia cerca de 30 minutos sem encontrar uma pousada ‘confortável' para os seus padrões.
Eram os únicos turistas na Vila, e pediram diretamente para o administrador municipal a dica de um local para ficar. Depois de conversar com a subprefeita Vanessa Figueiredo, Avamileno sugeriu o único Bed and Breakfast (serviço de cama e café-da-manhã) capaz de atender àquela ‘demanda inesperada'.
Nos últimos dias do ano, os empreendedores se viram diante de outro problema. O contrato com a empresa que fornece atendentes para atrações turísticas foi encerrado. Em pleno Natal, com movimento acima dos dias comuns, atrações como o Castelinho e o próprio Centro de Informações Turísticas permaneciam fechados. "Perdeu-se a opção cultural", afirma, desconsolado, Evanir da Silva Antunes, 43 anos, dono de pousada.
Para completar o cenário desolador, os moradores que apostavam suas fichas na nova administração foram surpreendidos pelo anúncio do prefeito eleito Aidan Ravin (PTB) feito sexta-feira de que a Subprefeitura de Paranapiacaba e Parque Andreense será extinta.
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