Enquanto representantes de trabalhadores da Volkswagen do Brasil silenciam no Grande ABC, dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté (filiado à CUT) festejam a confirmação de montagem de novo produto no Vale do Paraíba. Após aprovação por parte dos empregados de acordo que prevê cortes de 700 postos até 2008, a alta direção da multinacional, reunida em Wolfsburg, na Alemanha, anunciou quarta-feira programa de investimentos para a fábrica do interior.
Embora não detalhe cronogramas e valores, a empresa aventa fabricar mais de um novo modelo na unidade. A Volks confirma também modernização das linhas, automação industrial, atualização das tecnologias de engenharia e manufatura automotiva e capacitação dos trabalhadores da planta, que atualmente concentra a produção nos modelos Gol e Parati.
A Volks informa, por meio de nota, que a matriz acolhe positivamente a decisão dos empregados em deliberar a favor da consolidação do plano de reestruturação. A sede da montadora, no entanto, reitera que novos investimentos serão destinados às outras unidades, no Brasil ou no exterior, caso sejam implementadas ações para redução de custos, adequação de quadro de pessoal e elevação de produtividade.
Ao seguir diretrizes de otimização propostas pela companhia, o vice-presidente do Sindicato de Taubaté, Isaac do Carmo, demonstra satisfação com o desfecho das negociações. “Recebo com grande felicidade o anúncio do novo produto. A assembléia foi decisiva porque mostrou que os trabalhadores pedem investimentos desde 1998”, comemora.
Desde o anúncio do plano de reestruturação da Volks, com o impacto das possíveis demissões na ordem de 4 a 6 mil trabalhadores, sindicalistas de Taubaté e do Grande ABC (filiados à CUT) e da Grande Curitiba (filiados à Força Sindical) mantiveram o discurso da “união”. Embora Carmo insista em negar o rompimento de acordo entre as unidades, o entendimento em Taubaté provoca desconforto entre os representantes dos empregados.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (também filiado à CUT), José Lopez Feijóo, recusa-se a comentar o acordo e o investimento em Taubaté. “Não quero fazer avaliação”, resume. Questionado sobre o motivo do silêncio, ele rebate: “Por que não quero. Não vou falar nada. Vou falar em assembléia aos trabalhadores da Volks”. Após insistentes contatos, o sindicalista somente foi encontrado em ato político do candidato a governador Aloizio Mercadante (PT), na Ford, em São Bernardo.
Frente ao mal-estar, o presidente da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos), da Força Sindical, Eleno Bezerra, que conversou com o sindicalista do Grande ABC, conta que Feijóo está “bravo”. “Ele não fala até para não falar mal.” Em relação à “união”, Bezerra diz que agora “é cada um por si”. “Se Taubaté não tivesse quebrado a unidade, o acordo final seria mais favorável aos trabalhadores.”Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.