Procurando um texto em que as palavras e o papel do ator fossem mais importantes do que a produção, a andreense Dani Mustafci, que é formada na Fundação das Artes de São Caetano, deparou-se com 'O Espartilho', obra inédita de José Antônio de Souza.
Ambientada nos anos 1950, a montagem sobe ao palco do Espaço Parlapatões, na Capital, a partir de amanhã. Além de Dani, no palco está Fábio Ock. A direção é de Roberto Lage.
"A gente não pode esquecer nunca que a base do teatro é o ator. Esse texto evidencia isso", conta Dani.
A peça traz a história de Virgínia, moça criada para casar e garantir o zelo do lar e do conforto do marido e da família. Decepcionada com a burocracia do matrimônio, que não corresponde a nada do que ela sonhou, a moça conhece Ambrósio, um elegante e misterioso rapaz.
O vestuário que dá nome à montagem carrega o simbolismo da mulher aprisionada e com desejo de viver seus impulsos.
"É por exigência do marido que ela usa o espartilho. Ele é o símbolo do conflito, aperta, reprime, machuca e não dá nenhum conforto a Virgínia. Ao mesmo tempo exalta sua feminilidade. Apesar de frustrada, ela quer ser amada, tem seus desejos de mulher, que são todos reprimidos em casa."
O conflito da personagem, que oscila entre as amarras do casamento e o refúgio e a leveza de um novo amor, foi um dos fatores que determinaram a escolha do texto para a encenação. O desejo da atriz era encontrar uma história que prestigiasse sua atuação. "Essa obra me impulsiona porque posso permear o drama e a comédia na mesma personagem. Foi amor à primeira vista, o texto é quase um soneto."
A ambientação, que remonta o meio do século passado, também representa um desafio da busca por palavras, ações e comportamento de uma mulher que vivia o período antes do ápice de sua libertação. "Vivemos uma evolução histórica de lá para cá."
Clarke Gable, Doris Day e Audrey Hepburn serviram de inspiração para a composição de Ambrósio e Vírginia. Cenário, luz e trilha sonora também remetem aos clássicos anos 1950.
O Espartilho - Teatro. No Espaço Parlapatões - Praça Roosevelt, 158, São Paulo. Tel.: 3258-4449. Sáb., às 21h e dom., às 20h. Ingr.: R$ 30. Até dia 4.
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