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Dengue já afeta 20 Estados brasileiros, informa a Funasa
Das Agências
18/03/2001 | 16:59
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A dengue está se tornando um grave problema de saúde pública em grande parte do país. Segundo dados da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), existem atualmente focos de doença em 20 Estados brasileiros - e em 14 deles ocorrem, simultaneaente, dois dos quatro tipos da doença. Ela se constitui também em problema de saúde pública em outros países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal vetor da doença.

No Brasil, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo e mais recentemente, Amazonas e Mato Grosso são os Estados mais afetados. Dos quatro tipos de vírus da dengue conhecidos, já foram verificados dois tipos no Brasil, a Tipo 1 e Tipo 2 e, recentemente, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, foi detectado o de Tipo 3. A circulação simultânea de vários sorotipos potencializa o fator de risco do mal.

Na últma semana, foram verificados dois casos fatais de dengue em Minas Gerais e mais dois em Goiás, além de uma centena de casos confirmados da doença.

"O mosquito da dengue é democrático. Ele se propaga tanto em bairros pobres quanto nos ricos - basta que encontre um recipiente de água limpa. Por isso, se toda a população não participar na busca de focos dentro das residências e quintais, a dengue continuará se alastrando por todo o território nacional", alertou o gerente do Programa de Combate à Dengue, Paulo Vilarinhos, da Funasa, em entrevista à Radiobrás.

Doença tipicamente tropical, a dengue é conhecida há mais de 200 anos. As primeiras ocorrências do mal se referiram à dengue clássica - não hemorrágica. A pessoa afetada por um tipo fica imunizada de forma permanente contra ele, mas não contra outro.

O desaparecimento dos sintomas se dá de forma espontânea e benigna, em muitos casos, a pessoa nem sabe que foi infectada pelo vírus. Diferentemente da Febre Hemorrágica da Dengue (FHD), a forma clássica não é letal.

A etiologia da FHD não está totalmente esclarecida. Existem três teorias que tentam explicar sua ocorrência. A teoria de Halstead relaciona a FHD com infecções seguidas por diferentes tipos da doença, num período de três meses a cinco anos.

De acordo com essa teoria, a resposta imunológica na segunda infecção é exacerbada, resultando numa forma mais grave da doença.

Outra das teorias conhecidas relaciona a FHD à virulência da cepa infectante. A última dessas teorias, defendida por cientistas cubanos, acredita na multicausalidade: vários fatores de riscos aliam a teoria de Halstead à da virulência da cepa. A interação desses fatores acarretaria condições para o aparecimento da forma hemorrágica.

Os sintomas da FHD são semelhantes aos da dengue clássica, porém evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas, como sangramentos nasais, vômitos de sangue e hemoconcentrações (manchas vermelhas espalhadas pelo corpo). Há também sangramento nas fezes.

A FHD foi descrita, pela primeira vez, nas Filipinas e na Tailândia, na década de 50. Depois dessa verificação a forma clássica da doença se alastrou pelas Américas, e já na década de 1980, foram verificadas epidemias em vários países: Brasil (82), Bolívia (87), Paraguai (88) Peru (90).

Cuba foi atingida em 1981 por um surto de FHD causada pelo mosquito sorotipo 2, e a Venezuela em 1989, sendo as primeiras ocorrências da dengue hemorrágica fora Sudoeste Asiático e Pacífico Ocidental. No Brasil, em 1990 alguns casos de FHD foram registrados no Rio de Janeiro e outros no Ceará, em 1994.

O vírus da dengue persiste na natureza mediante o ciclo de transmissão homem - mosquito - homem. Após a picada do Aedes, em um homem infectado, o mosquito, depois de um período de incubação de 8 a 12 dias, está apto a transmitir o vírus.

"Não há possibilidade de contágio de uma pessoa doente para outra sadia, nem por meio de fontes de alimento", afirmou Paulo Vilarinhos. O perigo, adverte ele, é que nem todas as pessoas desenvolvem a doença, apesar de infectadas. Mas continuam passíveis de transmiti-la. Dessa forma, a dengue pode se propagar silenciosamente, e "aí que está o perigo", disse Vilarinho.

Ele disse ainda que, a dengue tem se alastrado também por causa da negligência das pessoas em considerá-la como uma forte gripe. De fato, seus sintomas são semelhantes: na forma clássica há ocorrência de febre com dores de cabeça e nas articulações.

"Muitas vezes é confundida com a rubéola, por causa de manchas avermelhadas pelo corpo", afirmou o gerente da Funasa. O exame médico é importante para o diagnóstico preciso, quando então é feita a prova do laço, para a verificar a possibilidade da dengue hemorrágica.

Informações da Agência Brasil.




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