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‘Semana Pão de Queijo’ traz música mineira para Sto.André
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
14/06/2004 | 18:42
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A música de Minas Gerais ganha espaço a partir desta terça no Sesc Santo André. Por meio da chamada Semana Pão de Queijo, a unidade receberá sete diferentes atrações até domingo (dia 20). O projeto começa com o show do baterista Robson Nascimento e grupo, mas o ponto alto ocorre no sábado, com a apresentação de João Bosco.

O foco desse evento na cultura mineira coincide com uma curiosa realidade do Grande ABC. De acordo com o último Censo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizado em 2000, em Santo André, São Bernardo e Rio Grande da Serra, os mineiros formam o maior grupo de migrantes. Em São Caetano, Ribeirão Pires e Diadema, eles estão em segundo lugar; em Mauá, ocupam a terceira colocação. À época do Censo, residiam na região cerca de 145 mil mineiros, ou seja, 6,18% dos 2,3 milhões de habitantes do Grande ABC.

Mas a mineirice da Semana Pão de Queijo começa também curiosa e “miscigenada”. O baterista Robson Nascimento, que abre o evento, na verdade teve apenas sua gênese musical em Minas Gerais, pois nasceu na capital paulista. O músico passou a infância em Pernambuco e, na adolescência, foi para Pouso Alegre, onde iniciou seus estudos em conservatório. “Ouvia muito Milton Nascimento, 14 Bis, Lô Borges e Beto Guedes. O baterista Nenê, que toca com o Beto, foi uma grande referência para mim”, diz.

O repertório de sua banda instrumental, porém, vai além de música mineira. O homenageado da vez é Milton Nascimento, do qual tocarão Bola de Meia, Bola de Gude, mas o set list inclui desde Mulher Rendeira até Hermeto Pascoal (Forró Brasil) e músicas dos integrantes da banda, como Balada pra Ela, do baixista Igor Pimenta. O grupo de Robson Nascimento também conta com Helena Xavier (teclado) e com dois moradores de São Bernardo: Pablo Lopes (guitarra) e Carlos Cárdenas (saxofone)

Atemporal – Uma característica interessante da Semana Pão de Queijo é sua abrangência. Em vez de focar apenas os papas da cultura mineira, a programação apostou em outros artistas mineiros.

Mesmo com João Bosco e Fernando Brant na agenda, o evento abriu espaço para grupos como o Meninas de Sinhá, formado por mulheres de 40 a 95 anos, oriundas da periferia de Belo Horizonte e que se dedicam a um repertório de cantigas e cirandas de roda tradicionais.

Os mais jovens são representados pela turma do NUC – Negros da Unidade Consciente – que tocam com o Berimbrown. Eles misturam a cultura local com o rap e a cultura afro. O show deles será no domingo.

João Bosco, por sua vez, vem com a missão de mostrar sucessos e as músicas de seu último disco, Malabaristas do Sinal Vermelho (de 2003), com o qual celebrou 30 anos de carreira.

Fernando Brant, principal parceiro nas composições de Milton Nascimento, faz um show calcado em sucessos. Travessia, por exemplo, tem letra dele. Telo Borges e Cláudio Venturini apresentarão músicas próprias, e Vander Lee fará um pré-lançamento de seu terceiro CD.

Vale lembrar que a principal contribuição de Minas Gerais na música veio do chamado Clube da Esquina, um grupo de amigos que nos anos 70 lançou dois discos com esse nome e que rapidamente conquistou espaço no cenário nacional e mundial. Entre esses artistas estão, Milton Nascimento, Brant, Tavinho Moura, Lô Borges, Ronaldo Bastos, Wagner Tiso e Flávio Venturini.




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