A Copa do Mundo de Futebol Feminino terá sua sétima edição a partir de sábado, no Canadá, e a Seleção Brasileira embarca para o país norte-americano dois dias antes, na quinta-feira. E entre as comandadas do técnico Vadão, o Grande ABC estará presente na habilidade, sorriso fácil e simplicidade da lateral-esquerda Tamires.

Aos 27 anos e natural de Caetés, em Pernambuco, ela veio para São Paulo em 2004 para realizar o sonho de jogar futebol. Desde 2013, reside com o marido Cesinha – também jogador, meia ex-Ramalhão e Tigre – e o filho Bernardo em Santo André. Em rápida passagem por sua residência na Vila Curuçá antes de retornar à concentração verde e amarela em Itu, ela recebeu a equipe do Diário e falou sobre as expectativas, a proximidade da realização de um sonho, o momento do futebol feminino no País, disse que ainda há preconceito contra as mulheres no esporte e pediu por mais apoio à modalidade.

Sem esconder a felicidade com a chegada do Mundial, Tamires admitiu “frio na barriga” e “ansiedade” há poucos dias da estreia. A lateral apontou Estados Unidos, França, Alemanha, Japão (atual campeão) e, obviamente, o Brasil – mesmo sem grande alarde da mídia – como favoritos ao título. “Podemos não ter valorização e apoio aqui dentro, mas a gente sabe que tem talento e chegando lá a história é diferente”, cravou.

A Seleção integra o Grupo E, junto de Coréia do Sul, adversária da estreia, dia 9, Espanha (13) e Costa Rica (17). “Teoricamente parece ser grupo tranquilo, mas futebol feminino tem evoluído em todos os países e as seleções vão vir tão fortes quanto as de mais nome.”

No currículo, a jogadora passou por Juventus, Santos, Ferroviária, Atlético-MG e Centro Olímpico, teve experiência ainda no futebol dos Estados Unidos (pelo Charlotte Eagles) e integra a Seleção desde a categoria sub-19. Pela amarelinha, colecionou dois títulos recentes, como a Copa América e o Torneio Internacional de Brasília. Apesar de tanto esforço, Tamires ainda faz um algo a mais por uma situação específica: a maior divulgação do esporte. “Se falassem (mídia) mais do futebol feminino, com certeza iria fazer com que as pessoas conhecessem e gostassem mais da modalidade”, apontou.

A bela jogadora, eleita recentemente a musa da Seleção – “não acho, mas agradeço”, salientou – só trocou os sorrisos por lágrimas quando o assunto foi família e a saudade que sentirá do filho Bernardo, 5, o qual ela ficará longe pela primeira vez por período tão longo. “Quando penso que vou ficar um tempo longe dele, nunca passei por essa situação, sempre cuidei, abri mão da minha carreira por ele”, disse Tamires, que parou por três anos e meio durante e após a gravidez. “Mas hoje, tendo a oportunidade de jogar um Mundial, estou em paz. Sei que vai ficar bem com o César e no futuro vai ter muito orgulho de mim”, emendou, enxugando os mesmos olhos verdes que estampam o semblante do filho.

O pequeno, no entanto, poderá acompanhar a mãe pela televisão, internet e, se a saudade apertar muito, pode abrir o álbum de figurinhas e vê-la estampada ao lado de Marta, Formiga e companhia. Aparecer no livro ilustrado, aliás, foi novidade bastante divertida para a lateral. “Muito legal. Meu filho ficou muito feliz quando pegou minha figurinha. É uma coisa inexplicável, sentimento muito bom que nunca tinha vivido e estou muito feliz em viver.”
Passada a Copa do Mundo, a Seleção ficará alguns dias nos Estados Unidos se preparando para o Pan-Americano, que também será no Canadá, entre 10 e 26 de julho.