Economia Titulo A partir de amanhã
Região deixa de produzir 815 veículos por dia a partir de amanhã

Paralisação nas linhas de produção por 15 dias
visa reduzir estoques; 28,6 mil ficarão em casa

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
31/05/2015 | 07:24
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Celso Luiz/DGABC


A indústria automobilística do Grande ABC deixará de produzir 815 veículos por dia a partir de amanhã, durante a primeira quinzena de junho. Durante esse período, as fábricas da Mercedes-Benz, em São Bernardo, e da GM, em São Caetano, suspenderão as atividades nas linhas de montagem. A Scania, também de São Bernardo, não funcionará por uma semana. Volkswagen e Ford vão emendar o feriado de Corpus Christi. As paralisações têm como objetivo reduzir os estoques das montadoras, que sofrem com a queda nas vendas do setor.

Até 15 de junho, são dez dias úteis. Considerando os dias de paralisação, deixam de ser produzidos 6.556 veículos, sendo 4.800 na GM, 1.500 na Mercedes e 256 na Scania.

Em razão do feriado, na quinta-feira, a Volkswagen e a Ford, ambas localizadas em São Bernardo, darão folgas aos funcionários também na sexta-feira. Na linha de produção atuam cerca de 8.000 pessoas na Volks e 2.500 na Ford. As duas montadoras deixarão de produzir 1.600 veículos na emenda do feriado, sendo 1.200 na Volks e 400 na Ford.

A Toyota também adotará a ponte mas, a planta, na mesma cidade, fabrica somente peças para os carros da marca, sem executar trabalho de montagem.

A empresa que suspenderá as atividades por maior período de tempo é a GM. Até o dia 10, cerca de 5.500 operários do chão de fábrica receberão folga remunerada. Nesse sistema, os dias parados (com exceção do fim de semana e do feriado), serão descontados do banco de horas. Entre os dias 11 e 28, os funcionários serão colocados em férias coletivas. Na Mercedes, os 7.000 empregados da produção ficarão em férias coletivas por 15 dias.

MÃO DE OBRA - Na primeira quinzena de junho, o número de funcionários afastados nas cinco montadoras de veículos do Grande ABC chegará a 28.651, sendo 26.400 operários em férias coletivas, folga remunerada e emenda de feriado, 424 em banco de horas por tempo indeterminado e 1.827 em lay-off (suspensão dos contratos por tempo determinado). Os cálculos consideram 7.715 da Mercedes (7.000 em férias coletivas e 715 em lay-off, que é a suspensão temporária do contrato de trabalho); 6.897 da GM (5.500 em folga remunerada e férias coletivas, mais 1.397 em lay-off); 3.400 na Scania (folga remunerada); 3.124 na Ford (2.500 de folga na emenda do feriado, 200 em lay-off e 424 em banco de horas); e 8.230 na Volkswagen (8.000 na ponte e 230 em lay-off).

Além da retração na economia brasileira e da queda no poder de compra da população, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, cita que o aumento da oferta em momento de baixa demanda dificulta ainda mais o esvaziamento dos estoques. Por esse motivo, as empresas optam por mecanismos de redução na produção. “O Brasil está com mais montadoras e mais plantas. A capacidade instalada no País permite a fabricação de 5,3 milhões de unidades (ao ano). Entretanto, estão sendo produzidos apenas 53% disso”.

Para reaquecer a indústria, Marques considera como alternativas manobras em outros setores da economia, mas com potencial para gerar benefícios indiretos às montadoras. Como exemplo, ele menciona mudanças no crédito imobiliário anunciadas na semana passada pelo governo federal. O Banco Central liberou R$ 22,5 bilhões da poupança para serem usados pelos bancos no financiamento habitacional. “Isso impulsiona a demanda por caminhões”, analisa.

Apenas na GM, há acúmulo de cerca de 80 mil automóveis em pátios, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão. “Se a produção voltasse ao ritmo normal, seriam necessários mais de dois meses para conseguir esvaziar tudo.”


Vendas caíram 25,2% no mês passado

As vendas de veículos zero-quilômetro no País tiveram queda de 25,2% em abril na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), 219,3 mil unidades novas foram comercializadas no Brasil no mês passado. Em relação a março, o número é 6,6% inferior.

Em abril, 217,1 mil veículos foram fabricados no País – o pior índice mensal desde 2007. Mesmo com a queda na produção, os estoques continuam cheios. Até o mês passado, 367,2 mil veículos aguardavam nos pátios e concessionárias por um comprador. A estimativa é de que sejam necessários 50 dias até que todo esse volume seja desovado.

Com baixa nas vendas e na produtividade, o resultado já é esperado: fechamento de postos de trabalho. Até a metade deste mês, 2.050 pessoas já haviam sido demitidas das montadoras do Grande ABC apenas neste ano. O número irá aumentar ainda mais, já que a Mercedes mantém a posição de dispensar 500 funcionários em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) até amanhã. A pedido do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, no entanto, a montadora reabriu, somente na sexta-feira, PDV (Programa de Demissões Voluntárias) para todos os 715 operários em lay-off. Além dos 500, há outros 215 afastados que possuem doenças laborais.

Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que a indústria eliminou 2.139 postos de trabalho em abril na região. Desde janeiro, foram 5.570 demissões. No acumulado de 12 meses, foram 16,7 mil trabalhadores do setor dispensados. 




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