Prefeito até consegue consenso sobre valores, mas
corte de salários faz categoria continuar em greve
Pela primeira vez em 16 dias de greve o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), conseguiu avançar em proposta financeira aos servidores. No entanto, o petista viu as negociações emperrarem após condicionar no diálogo a exclusão de benefício aos aposentados e desconto nos dias parados.
O novo plano de Marinho foi apresentado ontem, durante reunião no Paço, pelo secretário de Administração, Augusto Pereira, com a direção do Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos). Pelo acordo, a proposta consistia em pagamento de abono de R$ 1.550 aos 13 mil servidores ativos, em junho, e outros R$ 310, a serem quitados em dezembro.
Marinho, que liderou o encontro na quarta-feira, pela primeira vez desde a paralisação, não participou da reunião de ontem, interagindo somente com o secretário durante alguns momentos do encontro.
A proposta da Prefeitura ainda envolvia reposição da inflação. Porém, o índice só seria aplicado no ano que vem, somado também à variação salarial de 2016. Com isso, o reajuste de 7,68% da inflação seria adicionado à majoração do próximo exercício, o que resultaria em aumento de 16%.
A discussão perdurou por mais de cinco horas. Foi travada pelo Sindserv assim que o secretário petista anunciou que o plano não contemplaria os servidores aposentados – somam 7.000 pessoas no quadro atual de funcionários. Além disso, o outro entrave ficou pelo aviso de que os dias parados pela greve, iniciados no dia 13, começaram a ser descontados já no pagamento de hoje.
Presidente do Sindserv, Giovani Chagas havia convocado assembleia com servidores logo após o fim das negociações. Porém, desistiu da ação, alegando que o plano deveria ser rejeitado pela classe, provocando assim mais impasse com a administração.
“Essa reunião foi um verdadeiro teste de paciência e resistência. Decidi não levar propositura aos servidores porque seria rejeitada. Não vamos aceitar a exclusão de ninguém e queremos a garantia de que os dias da greve não serão descontados”, assegurou Chagas.
Diante do impasse, novo encontro foi marcado para hoje, às 11h, no Paço. O dirigente sindical enfatizou que o foco do debate será em relação às condições impostas por Marinho. “Não vamos abrir mão de receber o salário integral e queremos que os inativos não fiquem de fora. Conseguindo avançar nesta questão, voltaremos a discutir sobre os números”, complementou Chagas, reclamando que não pôde visualizar o holerite no site da Prefeitura, que costumeiramente deixa disponível à consulta.
ATIVIDADE
A mobilização hoje começa às 7h, nas proximidades do prédio do Paço, devendo seguir até o começo da reunião. Chagas marcou para as 18h nova assembleia com a classe, assegurando que, independentemente do resultado obtido com a reunião, o diálogo com os funcionários vai ocorrer.
“Vamos abordar toda a situação com os servidores não importa o que aconteça no encontro com o governo. Recuei hoje (ontem) para evitar novo atraso quanto ao avanço da proposta”, acrescentou o dirigente.
Os 13 mil funcionários ativos de São Bernardo iniciaram paralisação geral pelos equipamentos públicos após não conseguirem negociar proposta de reajuste salarial para este ano, cuja data-base expirou em março. Marinho afirmou que somente abriria diálogo ontem, o que motivou a paralisação.
A categoria reivindicava 12,54%, sendo 8,04% de reposição inflacionária com base no ICV (Índice de Custo de Vida), mensurado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), além de 4,5% de ganho real.
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