Se o consumidor quiser comprar um automóvel zero-quilômetro de cores diferentes, como o amarelo ou o verde claro, isso custará mais caro e será mais difícil de conseguir, já que são poucas as opções de tons oferecidos pelas montadoras.
Pesquisa realizada pelo Diário mostra que, para não pagar mais, quem quer trocar de veículo terá de se limitar às cores sólidas (sem brilho) branco ou preto, e em alguns casos, também o vermelho. Já modelos com pintura que saem desse padrão podem ter acréscimo de até 4% no preço do veículo.
É o caso do Ford Fiesta Rocam Hatch, que sai a partir de R$ 29.930 (valor de tabela), mas que tem acréscimo de R$ 1.163 se tiver cores perolizadas azul ou verde. Com esse adicional, daria para equipar o carro com navegador GPS (até R$ 1.130) ou, com mais R$ 200, colocar bancos de couro (R$ 1.372).
Mesmo o tradicional prata, que é disparado o líder da preferência do consumidor brasileiro, custa mais. Para adquirir um Fiat Palio Fire Economy, por exemplo, que sai a partir de R$ 25.590, a pessoa gastará mais R$ 780 para ter essa opção, ou 3% do valor do carro.
As opções diferentes de pintura de fábrica, além de mais caras, podem exigir dose extra de paciência. Isso porque, em muitos casos, o que foge do tradicional tem de ser encomendado à montadora e leva de 60 até 120 dias a mais para ser entregue. Em contato, por exemplo, com loja da Kia na região, a reportagem perguntou se o modelo Soul poderia sair na cor amarela. Um dos vendedores afirmou que não há acréscimo de preços por causa da pintura, mas como a demora é muita (nesse tom é preciso pedir à fabricante, que importa o carro da Coréia do Sul), ele não garante o mesmo valor do modelo até o desembarque.
Segundo o professor de marketing Ricardo Teixeira, da Fundação Getulio Vargas, o que predomina no mercado é preto e o prata. Ele assinala que veículos nesses tons, exatamente por saírem mais, têm maior valor de revenda.
As montadoras costumam lançar carros com tons fortes (por exemplo, o Agile amarelo Carman) e depois tiram a opção de linha, e fica fácil identificar o ano de fabricação do carro, explica Teixeira. De acordo com estudos de montadoras, o brasileiro gosta de ver veículos em tons chamativos, mas não quer se arriscar em comprar esses modelos.
O presidente do Sindicato das Concessionárias e Distribuidoras de Veículos Automotores no Estado de São Paulo, Octávio Vallejo, tem avaliação semelhante. "Há um conservadorismo, para que a cor nova não se torne um mico." No entanto, ele acredita que o mercado pode, gradualmente, mudar por causa dos jovens e das mulheres. "A decisão da cor é essencialmente feminina."
Teixeira cita que é difícil apontar tendência de mudanças, mas ele vê aos poucos que o brasileiro, principalmente de classes mais altas, está aceitando mais o branco. Dados da GM atestam isso: o Captiva nesse tom tinha 1% de vendas em 2010. Hoje já chega a 3%. Mas o que manda ainda é o prata e o preto, que juntos superam, na maioria dos modelos da marca, os 50% do que é vendido.
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