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Auditoria aponta caixa 2 na Guarará
Por Gislayne Jacinto
Do Diário do Grande ABC
20/07/2002 | 00:03
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O relatório da auditoria contábil feito na Expresso Guarará já está pronto e aponta indícios de um caixa 2 na empresa. O Diário teve acesso ao documento assinado por Cláudio Wagner, da Empresa Senger Wagner Auditores Associados, contratada pela Prefeitura para auxiliar nos trabalhos da Comissão Especial de Fiscalização, instaurada para apurar o descumprimento do contrato por parte da Guarará, que foi a empresa que denunciou suposto esquema de propina no município.

Pelo relatório, a empresa apresentou à EPT (Empresa Pública de Transporte e Trânsito) documentos com valores que divergem dos encontrados na auditoria e aponta uma diferença entre a receita operacional declarada e a receita operacional efetivamente contabilizada.

Segundo o relatório, a diferença entre agosto de 2001 e janeiro de 2002 chegou a R$ 805.415,55. Em agosto de 2001, por exemplo a rentabilidade por linha explorada informada à EPT foi de R$ 1.407.748,28, enquanto pelo balancete de verificação da empresa o valor foi de R$ 1.273.362,61..

“É evidente ressaltarmos que quando comprovada a falta de contabilização de receitas operacionais nas pessoas jurídicas, conhecida como omissão de receitas, fica também comprovada a sonegação dos respectivos impostos federais, estaduais e municipais”, diz o relatório.

O Diário apurou que cópias do documento foram enviadas à Receita Federal, Banco Central, Ministério Público Federal, Secretaria de Finanças da Prefeitura e ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), onde a Guarará fez empréstimos.

A Comissão Especial de Fiscalização da Prefeitura também investiga se houve sonegação fiscal. Em cima dos valores apresentados são calculados alguns impostos, como por exemplo ISS (Imposto Sobre Serviços) e IR (Imposto de Renda).

Saldo de caixa – O relatório ainda constata saldos elevados nos caixas da Guarará. “Analisando os registros contábeis da movimentação financeira da empresa, observamos que embora existam vários empréstimos contraídos e saldos em contas bancárias negativos, os quais normalmente representam contas garantidas, cujos limites de crédito estão sendo utilizados, os valores registrados como numerário em caixa são elevados”, cita o relatório da auditoria. Há meses, como por exemplo setembro, outubro e novembro de 2001, em que o montante chegou a R$ 1 milhão.

Apesar disso, o auditor constatou que “os saldos contábeis de caixa não aparentam estar correspondidos por numerário em espécie”. Foram relacionados vários documentos. Entre eles, a saída em 28 de dezembro de 2000 de R$ 30 mil em cheque.

“Nesse caso, fica explícito que o numerário em espécie, na ocasião, não estava em poder da empresa, pois, conforme documento anexo, verificamos que o referido depósito não se realizou em dinheiro e sim com um cheque de emissão de Luiz Alberto Gabrilli Filho, conforme cópia anexa e respectivo comprovante de depósito do Banco Safra S/A, que corrobora o depósito em cheque da agência e não em dinheiro do caixa, conforme demonstra o lançamento contábil”, relata a auditoria.




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