Um conto que faz parte de um livro indicado por uma professora de Português da Semef (Segunda Escola Municipal de Ensino) de São Caetano foi motivo de indignação entre pais de alunos matriculados no 9º ano do ensino fundamental. De acordo com a Prefeitura, o livro foi recolhido após reclamações dos pais.

O texto "O cobrador", de Rubem Fonseca, faz parte da publicação "Leituras de Escritor" que reúne contos de diversos autores e é organizado pela escritora Ana Maria Machado. Nele. o autor conta um dia de fúria de um homem que decide deixar de pagar por tudo e passa a cobrar. Numa passagem do texto, ele descreve cena de estupro com palavrões e palavras de conotação sexual, além de trechos altamente violentos. "Dei-lhe um murro na cabeça. Ela caiu na cama, uma marca vermelha na cara. Não tiro. Arranquei a camisola, a calcinha...". Em respeito a inocência dos alunos, o Diário decidiu não publicar o restante do conto.

"É um absurdo que um livro como este seja indicado por uma professora para adolescentes com idade entre 13 e 14 anos", reclamou Enos Tangerino, pai de uma aluna do 9º ano. Segundo os estudantes, quatro salas da série - com cerca de 30 jovens cada - receberam a indicação de leitura. Procurada pela reportagem, a diretora da escola, identificada apenas como Miriam, não respondeu aos questionamentos da reportagem. Ela disse que não tinha autorização da Prefeitura de São Caetano para se pronunciar.

A tia de um aluno do 9º ano, que pediu para não se identificar, disse que a escola adota um título da literatura brasileira por trimestre. Ela contou que a obra custou R$ 30 e foi vendida na escola. "A aquisição não é obrigatória, mas como muitas atividades são realizadas com base no livro, as famílias acabam comprando", disse a mulher, que também é professora.

(Colaborou Vanessa Fajardo)