O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), alfinetou a postura do presidente da Fundação Criança, Mauricio Soares (PT), que criticou “denúncias de corrupção, desvios de recursos públicos e todo tipo de irregularidade” contra o PT e anunciou desligamento da legenda. “Quem está saindo do barco agora e acha que isso vai nos derrotar vai quebrar a cara”, disse o petista sem citar nomes, durante apresentação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), no Teatro Cacilda Becker, na sexta-feira.

Em meio à explicação sobre investimentos e planejamento de obras, Marinho seguiu em tom agressivo ao falar de seu projeto de governo para São Bernardo. “Não estamos brincando. Não deixei de ser ministro de Estado para ser prefeito oito anos. Deixei o governo federal para dirigir um projeto de longo prazo para nossa cidade, que não acabará em 2016”, afirmou, ao citar a trajetória como ministro do Trabalho e da Previdência Social no governo de seu padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Apesar do tom, o prefeito de São Bernardo evitou comentar o caso em entrevista. Ele citou apenas que não irá ler a carta de Mauricio e que o aguarda em seu gabinete em encontro marcado para o dia 15. O presidente da Fundação Criança não falou em abandonar o governo petista e também não descartou a possibilidade de disputar a eleição do ano que vem. O comentário no meio político é de que o ato pode se configurar como uma manobra eleitoral que favoreça candidato do PT.

Principal nome do bloco governista cotado para suceder Marinho é o do secretário de Serviços Urbanos, Tarcisio Secoli (PT). No entanto, ele ainda não decolou em pesquisas eleitorais e pode enfrentar oposição rachada no pleito. Os deputados estadual Orlando Morando (PSDB) e o federal Alex Manente (PPS) costuram candidatura ao Paço. A entrada de Mauricio, como nome descolado do petismo, serviria para tirar votos do tucano e do popular-socialista para garantir o secretário petista em um segundo turno.

Mauricio foi o primeiro prefeito do PT em São Bernardo, sendo eleito para o mandato de 1989-1992. Depois se desentendeu com o partido que ajudou a fundar, migrou ao PSDB, e retornou ao Paço para o mandato de 2001-2004, passou pelo PPS e no PSB conquistou a terceira gestão, 2005-2006, quando renunciou e William Dib (PSDB) assumiu o posto.