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Junho é o mês mais ‘quente’ do PT
Por Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
03/07/2005 | 07:17
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Junho foi o mês mais crítico para o PT e para Lula desde 2003 até agora. A mídia impressa pode ser considerada o termômetro desse período quente para o PT, onde todos os principais jornais do país dedicaram significativos espaços para a onda de denúncias e crise atingindo o partido e o presidente Lula. Até mesmo o quase irredutível defensor do governo, deputado federal Professor Luizinho, de Santo André, concorda que o PT atravessa seu pior momento. “Temos de reconhecer que passamos por um momento difícil. O mais difícil.” Luizinho destaca as ações do governo para combater a corrupção, mas admite que essa iniciativa perdeu a guerra para “a onda de denuncismo que tenta igualar a tudo e a todos.”

Fevereiro de 2004 havia sido até então o pior dos meses do governo Lula, mas nem de longe lembrou o cheiro de pólvora que agora paira no ar. Naquele mês estourou o escândalo Waldomiro Diniz, assessor de José Dirceu flagrado em 2002 – portanto antes de Lula assumir a presidência –, cobrando propina de um empresário do jogo do bicho no Rio de Janeiro. O caso voltou à tona em junho deste ano, com o pedido de instalação da CPI dos Bingos – mas praticamente foi relegado a segundo plano diante do maremoto de denúncias que afetou Palácio do Planalto.

A sinopse das manchetes dos jornais e revistas realizada pela Radiobras no mês de junho dá uma mostra do impacto das denúncias feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB) contra o ex-ministro José Dirceu e outras lideranças do PT, acusadas de comprar parlamentares aliados ao governo.

No primeiro dia do mês, havia apenas uma manchete entre os dez principais diários do país a respeito de corrupção no governo: destacava as iniciativas do Palácio do Planalto para barrar a iminente CPI dos Correios, originada a partir do filme que expôs em rede nacional um funcionário da empresa recebendo propina de R$ 3 mil enquanto cita o nome de Jefferson. O noticiário da crise explode a partir do dia 6, um dia após Jefferson denunciar o governo pelo pagamento de mensalão a deputados do PL e do PP. A partir de então, entre os dez principais jornais do país, o número de diários com título principal relacionado à corrupção no governo Lula passa de seis e chega a nove. Só arrefece nos dia 11 – quando são destacados casos em três veículos – e 22 (quatro veículos). O número de revistas semanais que trataram do assunto na capa sobe de três na primeira semana e atinge nove no pico. O espaço ocupado pelo assunto também aumenta geometricamente de simples tirinhas para página inteira.

Vai piorar – Luizinho afirma que “a luta política está muito latente, tem comandado as ações relativas às CPIs e tende a se acirrar para desgastar o governo”, mas defende a apuração pelo Congresso e afirma que o governo tenta, por meio da Polícia Federal, da Procuradoria Geral da República e da Controladoria Geral da União, esclarecer todas as denúncias. “A oposição vai querer esticar a corda. Vai querer prorrogar ao máximo o prazo de investigação, porque não está preocupada em achar os culpados, mas desgastar politicamente”, afirma Luizinho.

Embora o governo tenha tentado evitar os pedidos de CPI dos Correios no primeiro momento e depois reconhece sua necessidade. Luizinho afirma que a crise já não pauta mais a agenda do Executivo. “O governo vem dando respostas e não se deixou pautar. Delimitou claramente colocou suas instituições para atuar aqui e ali. “

Para Luizinho, o momento inicial da crise ocorre quando uma pessoa é flagrada como mentor de esquema de corrupção dentro dos Correios e tenta transformar a posição de réu em acusador. A sociedade tem dado guarida porque ele (Roberto Jefferson) tem feito denuncismo sem provas e atirado para tudo quanto é lado.”

Erros fundamentais – Na semana passada, o prefeito de Guarulhos, Elói Pietá, recebeu José Dirceu e disse durante o evento que o PT cometeu dois erros fundamentais neste ano: perder a presidência da Câmara e permitir a queda de Dirceu. Luizinho concorda em parte: “Ter perdido a presidência da Câmara nos deixou mais fragilizados. Não é o principal motivo, mas se tivessemos com a presidência com certeza teríamos instrumentos melhores contra crises artificiais.”




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