Há histórias comoventes, ternas e de resistência sobre a participação na vida do Grande ABC por parte do médico Nicolau Assef, de Ribeirão Pires, que nos deixou na segunda-feira pela manhã. Histórias narradas por seus amigos, das mais variadas tendências, e por ele próprio, acolhidas que foram aqui em Memória. São histórias hoje registradas nesta máquina do tempo que se chama Memória.

O entrevistamos em 1997. Dele ganhamos fotos. Líderes sindicais como Marcos Andreotti, Armando Mazzo, Philadelpho Braz e Miguel Guillen tinham em Nicolau Assef um companheiro de lutas por um Brasil melhor e uma classe trabalhadora mais respeitada.

Sobre ele, o último depoimento que recebemos partiu do jornalista Milton Saldanha, poucos dias atrás, dando conta que o Dr. Nicolau Assef lutava a última batalha, em defesa da própria vida. Operado, sobrevivera, até que veio a última informação:

“Com profundo pesar informo o falecimento, nesta manhã de segunda, do meu querido amigo Dr. Nicolau Assef.”

Milton Saldanha

De trem.
Para clinicar
em Mauá

Retornemos no tempo. Aqui mesmo em Memória, Dr. Nicolau Assef nos concedeu a seguinte entrevista, publicada em 26-3-1997:

- Formado pela Faculdade de Medicina de São Paulo (turma de 1950), começou a trabalhar em Mauá, em 1951, quando fazia uma verdadeira via sacra diária: de manhã trabalhava na Santa Casa de São Paulo. Tomava o trem e vinha atender seus pacientes em Mauá, à tarde. Uma vida difícil.

- Outro médico, também com raízes profissionais profundas no Grande ABC, Henrique Calderazzo, foi colega de turma de Nicolau Assef. E foi a Calderazzo que Assef recorreu no mesmo ano de 1951, quando expôs sua situação de dureza.

- Calderazzo tinha consultório no Parque das Nações, em Santo André, e morava em Santa Terezinha, onde também clinicava. Propôs, então, ao colega Assef que ficasse com o consultório no Parque das Nações, que ele ficaria em Santa Terezinha. Proposta aceita, Nicolau Assef troca Mauá pelo Parque das Nações. Ali permaneceu sete anos e meio.

- Era uma outra Santo André, recordava Assef. O centro da cidade tinha um único prédio de quatro andares, que pertencia aos Pagano, donos de uma funerária. O Bar Napolitano, na Rua Coronel Alfredo Flaquer, era pequeno e ali Assef fez muitas refeições. Conheceu muito bem os três sócios donos do bar, que depois se transformaria num dos mais tradicionais restaurantes da cidade, hoje infelizmente fechado.

- No Parque das Nações, a exemplo de Mauá, o sistema de energia elétrica era deficiente. Durante muitos anos o jovem médico jantou a luz de lamparinas. Em toda a cidade o número de médicos não chegava a 35, incluindo-se o corpo clínico do Hospital Municipal. Dr. Gaspar Nunes Galvão era um dos mais antigos médicos em atividade na cidade. E as famílias ainda se lembravam do pioneiro Dr. Flaquer.

- Do Parque das Nações, Nicolau Assef se estabeleceria em Ribeirão Pires em 1958. A cidade não tinha qualquer assistência hospitalar. Com uma formação na área cirúrgica, Nicolau Assef montou o Hospital Ribeirão Pires numa pensão da Rua Albuquerque Lins, hoje Avenida Santo André, onde ficaria até meados da década de 1960, quando inaugurou as atuais instalações do Hospital Ribeirão Pires.

Amanhã: as fotos que Dr. Assef nos legou

Em 22 de abril de...

1745 – Criado o Bispado de São Paulo.

1915< – A Associação Atlética São Bernardo filia-se à Apea (Associação Paulista de Esportes Atléticos), da Capital, abrindo mão de filiar-se à Liga de Futebol da Estação.

- A guerra. Do noticiário do Estadão: ‘Estações bombardeadas; civis mortos e feridos; a falta de pão em Trieste’.

1925 – Roubadas 16 sacas de café de um vagão estacionado na Estação de São Caetano. A mercadoria foi recuperada e os três assaltantes presos.

1930 – Orquestra do Automóvel Clube de São Paulo abrilhanta baile no Clube do Xadrez de Santo André, ao lado da Igreja do Carmo.

1970 – Professora Odila Marina Wingeter, do Instituto de Educação João Ramalho, recebe a Medalha de Mérito Cívico de São Bernardo.

- Amistoso em São Caetano: Saad local 1, Corinthians, de Santo André, 0. O gol foi marcado por Nelson, cobrando pênalti.

1975 – Instalado o grupo de trabalho que estudará normas de operação da Represa Billings quando aos aspectos ecológicos, energéticos e como fonte de abastecimento de água para a Grande São Paulo.

- Médico santista Sylvio Guerra recebe o título de Cidadão São-Bernardense.

Hoje

- Dia do Descobrimento (oficial) do Brasil (515º ano)

- Dia Internacional da Terra

- Dia da Comunidade Luso-Brasileira

- Dia da Aviação de Caça

Diário há 30 anos

Segunda-feira, 22 de abril de 1985 – ano 27, nº 5806 – Edição extra

Manchete – Brasil sem Tancredo Neves: a morte às 22h23 de ontem

Sarney decreta luto por oito dias e feriado nacional hoje.

Em discurso à Nação, Sarney repete a frase de Tancredo: “Não nos dispersemos”, acrescentando: “Juntos tornaremos realidade os ideais do nosso grande inspirador.”

- Cortejo fúnebre deixará o Instituto do Coração hoje às 9h30 em direção à Congonhas, Brasília e São João Del Rey.

- Ulysses Guimarães fala do amigo, emocionado.

- Congresso dá posse a Sarney hoje.

- País vive 39 dias de tensão e angústia.

- Metalúrgicos vão suspender a greve.

- Direito Civil, a grande paixão de Tancredo.

Município Paulista

Hoje é o aniversário de Itanhaém. Em 1532, Martim Afonso de Souza desembarca no local. O dia 22 de abril como aniversário da cidade é instituído em 1956, por decreto estadual e aprovação da Câmara local.

Santos do dia

- Na estampa, São Caio. Iugoslavo. Papa no século 3, entre os anos 283 e 296.

- Bartolomeu de Cervere

- Miles

- Sotero