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A vida e seus diversos sentidos

Em livro, escritora de São Bernardo filosofa sobre
a experiência de viver de variados pontos de vista

Vinícius Castelli
21/04/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 Muitas vezes os questionamentos surgem em momentos críticos, de dificuldades. Quantas e quantas vezes já nos perguntamos qual é o verdadeiro sentido de existir? Para a jornalista e escritora de São Bernardo Gabriela Gasparin, a dúvida também surgiu, mas ela foi além. Mais do que responder questões sobre a própria vida, ela quis ouvir outras pessoas. Tudo começou em 2013, com o blog Vidaria (www.vidaria.com.br). O projeto ganhou força, amadureceu e, de lá para cá, Gabriela coletou mais de 100 relatos de todo tipo de gente. O resultado: o livro Vidaria – Uma Coletânea de Sentidos da Vida (Editora Autografia, 180 págs., R$ 39, em média), que chega agora às prateleiras.

A escritora estava com a vida em dia quando começou a sentir inquietação. “Já tinha conquistado tudo o que ‘aparentemente’ buscava ou o que geralmente procuramos na sociedade como um todo: estava em emprego fixo e estável, tinha carro e havia acabado de dar entrada em um apartamento”, conta. Foi quando ela se perguntou: ‘Então a vida é só isso?’. A primeira conversa que Gabriela teve foi com uma ambulante, após três negativas de outras pessoas. “Ela aceitou dar a entrevista e me respondeu que o sentido da vida é correr atrás dos sonhos: ‘A gente tem de sonhar’, disse. Achei curioso a primeira resposta ser essa e, sinceramente, deu estímulo para continuar com o projeto”.

Entre os contos que o livro traz – no total são 40 – um é sobre a história de detentas. Gabriela conta que se emocionou por estar dentro da penitenciária entrevistando essas mulheres, presas há anos, e saber sobre o sentido que a vida tem para elas. “Chorei junto durante nossos encontros e foi um aprendizado e tanto. Elas me disseram que estavam arrependidas do que fizeram e queriam mudar. Uma delas era traficante, roubava, se prostituía e teve envolvimento em um assassinato. Jamais imaginava que um dia conversaria abertamente sobre a vida com uma pessoa com essa história”, afirma.

A escritora também falou com um rapaz que contraiu o vírus do HIV. Ele não se culpava mais por ter errado (teve relação sexual sem preservativo). “Falei também com uma moradora de rua que admitiu que roubava e teve de matar para sobreviver. Um homem que ficou cego e revelou que hoje em dia se arrepende de ter dado tanto valor ao trabalho. São tantas histórias e cada uma delas foi muito impactante para mim.”

Outro conto especial, que está no livro, é a de um rapaz de Brasília que pediu para divulgar o seu depoimento. “Ele é filho único e contou como reuniu forças para se levantar após perder a mãe e o pai, um em seguida do outro. Ele disse que o sentido da vida é simplesmente estar vivo, porque passou por toda essa barra e percebeu que o importante mesmo é aproveitar as pequenas coisas. Terminei de ler as respostas dele com os olhos cheios de lágrimas. Foi um presente que ganhei.”

Gabriela confessa que ainda não encontrou o sentido da vida, mas acredita estar mais perto do que quando começou o projeto do livro. “Ouvi especialistas durante a pesquisa (filósofos e psicólogos) e o que eles dizem é: o mais legal de questionar o sentido da vida é que não existe uma única resposta. Então, sem a tal da resposta pronta, nós temos a liberdade de criar a vida que quisermos e darmos a ela o nosso próprio sentido.” Entre tanto aprendizado e questionamentos, o que a autora já sabe é que quer dar continuação ao livro.




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