O Brasil nunca gastou tanto para pagar juros da dívida. Dados divulgados ontem pelo BC (Banco Central) mostram que nos sete primeiros meses deste ano, entre janeiro e julho, já foram desembolsados R$ 108,098 bilhões, valor recorde para o período. Também é histórica a despesa nos 12 meses encerrados em julho, que somou R$ 182,132 bilhões.
O chefe do departamento econômico do BC, Altamir Lopes, explica o aumento do desembolso pela aceleração dos índices de inflação, o que impacta nos juros de mais de 30% da dívida. Também pesou o fim da rentabilidade gerada pelos contratos de swap cambial, que, no ano passado, haviam reduzido momentaneamente o gasto com o juro.
Nos sete primeiros meses de 2010, por exemplo, o aumento da inflação fez crescer o pagamento de juros. Altamir explica que o IPCA, que já remunera 26% da dívida pública, subiu de 2,81% nos sete primeiros meses de 2009 para 3,10% em igual período deste ano.
DEFLAÇÃO
No caso do IGP-M, que é referência para 4,7% da dívida, o índice passou de deflação de 1,66% em 2009 para a alta de 5,85% entre janeiro e julho de 2010.
Além disso, contratos de swap cambial haviam gerado, no ano passado, lucro de R$ 3,2 bilhões para o BC. O resultado positivo era, na época, abatido do gasto total com juro. Em 2010, porém, o ganho com esses contratos não existiu e, portanto, não houve qualquer abatimento da despesa com juros, explica Altamir.
No ano, a influência dos contratos de swap é ainda maior. Em 12 meses até julho de 2009, a despesa com juros havia sido reduzida em R$ 13,9 bilhões pelo ganho com swap. Agora, nos 12 meses até julho de 2010, não houve nenhum ganho com esse tipo de contrato.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.