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Plástico sai dos tubos de ensaio e vai para as prateleiras
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
23/08/2009 | 07:15
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Pesquisadores das empresas estão tirando dos tubos de ensaio novas aplicações para o plástico. As inovações fazem uso da nanotecnologia - considerada por especialistas como o futuro da indústria, devido a seu potencial de mercado - e conferem outras propriedades aos materiais.

O grupo petroquímico Quattor, que tem fábricas em Santo André e Mauá, desenvolveu matéria-prima que pode ser utilizada para a produção de painéis automotivos mais resistentes a riscos, assentos de estádio de futebol que evitam a propagação de chamas (em caso de vandalismo) e máscaras e aventais feitos com tecido antibactericida, entre outros itens.

Outras empresas acompanham essa tendência. O empresário Aires Mauro de Freitas, fabricante de forros para colchões em Mauá, identificou recentemente em laboratório uma partícula do PET que, segundo ele, poderá ter aproveitamento nas indústrias química, farmacêutica e aeroespacial. "Já tenho laudo da Rhodia e do IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológica)."

As perspectivas são promissoras em relação à nanotecnologia, que é o estudo de aplicações em escala nanométrica (do tamanho de um bilionésimo do metro). Nessa escala, a matéria pode ter a estrutura modificada para adquirir propriedades diferenciadas, como alta resistência ao impacto e à temperatura.

Devido ao foco dos projetos em inovação, a Quattor recebe apoio da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) - com aporte de cerca de R$ 3 milhões - e também conta com parceria para o desenvolvimento de linhas de produtos, com a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

A intenção da empresa é ampliar o leque de itens no mercado. O primeiro a ser lançado, há dois anos, em conjunto com a Suggar, foi uma linha de máquinas de lavar cujo recipiente onde vão as roupas é feito de resina plástica com nanoestrutura de prata (com poder antibactericida).

ROTAS - Segundo o gerente de tecnologia da Petroquímica, Pedro Geraldo Boscolo, há duas rotas possíveis para o desenvolvimento desses itens inovadores: no atendimento à demanda de clientes (outros fabricantes) e por iniciativa própria, de acordo com o que se vislumbra em potencial de vendas.

"Estamos em estágio inicial de desenvolvimento, mas há grande potencial nessa área", assinala Boscolo. Ele ressalta que há desafios a serem superados, já que as nanopartículas (como a nanoestrutura de prata) agregadas pela Quattor às resinas são importadas.

No entanto, começam a existir desenvolvimentos locais, como é o caso da descoberta do empresário - que ainda não está em estágio comercial. "A partícula foi identificada, mas ainda precisamos fazer medições. Mas já tive consultas de grandes empresas", destaca.




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