O presidente Néstor Kirchner pretende proteger a indústria automotiva instalada na Argentina da concorrência brasileira. Para isso, na semana que vem, o governo argentino assinará com representantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o adiamento - de 2006 para janeiro de 2008 - do livre comércio de veículos dentro do Mercosul. O anúncio foi realizado pelo secretário de Indústria e Comércio, Miguel Peirano.
A liberalização do comércio automotivo - ou seja, o fim da aplicação de tarifas alfandegárias e cotas - já passou por vários adiamentos ao longo da última meia década. Nesse período, os diversos presidentes que passaram pela Casa Rosada, a sede do governo, argumentaram que a indústria automotiva instalada na Argentina precisava de um prazo para adaptar-se à concorrência brasileira.
Desde o ano passado, o governo Kirchner pleiteia um novo adiamento, já que o intercâmbio comercial nesse setor favorece a importação de automóveis montados no Brasil. Nos primeiros seis meses de 2004, 60% dos veículos vendidos no mercado argentino eram brasileiros.
Nos próximos dias, representantes dos governos dos dois países discutirão como será realizado o comércio automotivo durante os dois anos de período de transição, que deverá se iniciar em janeiro do ano que vem.
O governo também anunciará formalmente em breve a implementação de um plano de estímulo às montadoras na Argentina. Entre as medidas estão a redução das retenções sobre as exportações das montadoras. Essa redução somente seria aplicada no caso de o total de vendas para o exterior superar as exportações realizadas em 2004.
O governo Kirchner também implementaria o pagamento das dívidas atrasadas do Estado argentino com as montadoras, relativas ao "plan canje", denominação do plano de renovação da frota realizado há poucos anos.
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