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Índice de consumo estável indica fim de 'sangria' de Dilma
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08/04/2015 | 06:29
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A popularidade da presidente Dilma Rousseff parece ter encontrado o fundo do poço. A repetição do mesmo índice de confiança do consumidor em fevereiro e março, mesmo que no patamar mais baixo desde 2001, é a primeira notícia não ruim para a presidente sobre o humor da opinião pública desde que ela se reelegeu, em outubro. A interrupção da queda não exclui, porém, a possibilidade de o governo cavar mais o buraco onde se meteu.

O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) é o indicador que tem correlação mais forte com a popularidade presidencial. Quando o Inec sobe, a taxa de ótimo e bom do governo cresce junto (e/ou a de ruim e péssimo encolhe). Quando a confiança do consumidor diminui, o saldo de avaliação do presidente cai.

Foi assim com os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, é assim com Dilma. Calculado há 14 anos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) a partir de pesquisa do Ibope, o Inec sintetiza as expectativas da opinião pública sobre o que vai acontecer com a inflação, com o desemprego, com a própria renda do entrevistado, além de seu grau de endividamento e dos planos de compra de bens mais caros.

A queda da confiança do consumidor desde novembro é a maior e mais rápida desde que a pesquisa é feita. Não por coincidência, o aumento da desaprovação de Dilma nos últimos cinco meses foi o maior e mais rápido nesses 14 anos. Os vilões da popularidade presidencial - segundo regressão estatística calculada pelo Ibope - são, principalmente, o desemprego e a inflação.

Consequência

CEO do Ibope Inteligência, Marcia Cavallari explica que quanto mais pessimistas os brasileiros se tornam em relação ao aumento de preços e à chance de perderem o emprego, mais aumenta a desaprovação ao presidente. Foi o que aconteceu desde o final do ano passado: mais gente achando que a inflação e o desemprego aumentariam, mais gente avaliando o governo como ruim ou péssimo.

A interrupção da queda do Inec em março se deveu exclusivamente a uma mudança na percepção de uma parte da população sobre o que vai acontecer com os preços e os empregos. Embora continuem muito altas, as taxas dos que acham que a inflação e o desemprego vão seguir subindo diminuiu em março em comparação ao mês anterior. Isso quer dizer que a presidente está ensaiando uma recuperação?

Não há dados mostrando isso. Há dois motivos principais para ser cético sobre essa possibilidade, explica Marcia. Em primeiro lugar, porque será necessário esperar o Inec de abril para saber se a tendência se confirma. Mas tão ou mais importante do que isso é o fato de que os fatores associados ao aumento da popularidade do governante (melhora da renda pessoal e diminuição do endividamento) continuam piorando.

Confiança

Isso significa que mesmo que o pessimismo em relação ao aumento de preços e perda do emprego diminua, não necessariamente a popularidade de Dilma voltaria a subir. Seria necessário que uma fatia maior da população voltasse a acreditar que sua renda tende a crescer e não a encolher. E, disso, não há sinais à vista.

Além disso, a correlação da popularidade com a confiança do consumidor não leva em conta fatores externos, como um eventual acirramento da crise política que inviabilizasse a aprovação do ajuste fiscal pelo Congresso - o que, no fim das contas, poderia levar ao crescimento do pessimismo e à perda de popularidade.

Situação financeira e dívidas pioram

Apesar da manutenção do Índice Nacional de Expectativa do Consumidor em relação ao mês passado, três dos seis subíndices que compõem o Inec estão na pior medição da série histórica da pesquisa, iniciada em 2001. São eles: a expectativa de renda pessoal, a atual situação financeira e o endividamento.

Se, em média, o pessimismo do consumidor se estabilizou, isso significa apenas que parte da preocupação do consumidor brasileiro saiu da inflação e do desemprego para o seu próprio salário. Apenas 18% dos entrevistados disseram que esperam que sua renda pessoal vá aumentar nos próximos seis meses. Enquanto isso, 39% acreditam que ela vá diminuir no período.

Essa expectativa para o futuro é ainda melhor que a avaliação que os entrevistados fizeram sobre sua situação financeira atual: 46% disseram que ela está pior hoje do que estava há três meses, e só 16% afirmam estar em situação mais confortável hoje. A solução, em muitos casos, é se endividar: 42% responderam que estão mais endividados hoje do que estavam no trimestre anterior.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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