Milhares de pessoas assistiram neste domingo, na Praça de São Pedro, a cerimônia que marcou a estréia de Bento XVI, 78 anos, como novo papa. Os cerca de 500 mil peregrinos, que se reuniram em frente à Basílica, presenciaram uma festiva missa, na qual Bento XVI pediu a ajuda dos católicos e recebeu o carinho dos fiéis em seu primeiro passeio no 'papamóvel'.
"Meu verdadeiro programa de governo não é fazer minha vontade, não é seguir minhas próprias idéias, mas colocar-me, assim como toda a Igreja, na escuta da palavra e da vontade do Senhor", declarou o cardeal alemão eleito papa na terça-feira, depois de um conclave de 24 horas. Entre os aplausos, Joseph Ratzinger, agora o novo papa, foi coroado com dois importantes símbolos de seu pontificado: o pálio, uma estola branca bordada com cruzes vermelhas, e o anel do pescador, que representa São Pedro lançando a rede.
Ao contrário da imagem severa e fria que demonstrava quando era cardeal, Bento XVI mostrou-se emocionado diante da multidão. "Queridos amigos, neste momento só posso dizer: rogai por mim para que aprenda a amar cada vez mais o Senhor, rogai por mim para que aprenda a amar cada vez mais o seu rebanho, para que não fuja de medo diante dos lobos", pediu o 265º pontífice da história.
Na homilia, interrompida mais de 30 vezes por aplausos, o novo papa também pediu pela unidade da Igreja. "Façamos tudo o possível para trilhar o caminho da unidade. Sejamos um só pastor e um só rebanho", destacou. Seguindo o exemplo de seu antecessor, Bento XVI elogiou a juventude, seiva nova da comunidade católica. "A Igreja está viva porque Cristo está vivo. E a Igreja é ovem. Ela leva em si mesma o futuro do mundo", garantiu.
Durante a cerimônia, foram muitas as palavras de carinho e admiração de Bento XVI ao seu antecessor, morto em 2 de abril aos 84 anos, após uma longa agonia. Apesar da enorme afluência de fiéis, esta missa não bateu o recorde registrado durante o funeral de João Paulo II, em 8 de abril, quando cerca de um milhão de pessoas estiveram no Vaticano.
O novo papa, que vestia o traje dourado e a cruz do falecido João Paulo II, retomou o discurso pronunciado por ele em 1978, em sua missa de entronização: "Ainda e continuamente ressoam em meus ouvidos suas palavras de então: Não tenha medo! Não tenha medo de Cristo! Ele não tira nada e tudo dá. Quem se entrega a ele, recebe cem por um", relembrou.
Antes da missa, que durou quase três horas, Bento XVI prosseguiu com o rito estipulado no Concílio Vaticano II e rezou em frente ao túmulo de São Pedro, o primeiro papa da Igreja, localizada dentro das grutas vaticanas. A missa foi co-celebrada por 150 cardeais, as leituras foram feitas em inglês e espanhol e a comunhão foi distribuída por 320 sacerdotes. Dois jovens peruanos, María Ospino e Elías Nolasco, entregaram oferendas. No total, 140 delegações governamentais, 37 chefes de Estado e de governo e representantes de todas as religiões assistiram à cerimônia.
Entre o público havia bandeiras colombianas, argentinas, americanas, espanholas e polonesas, porém a que mais se destacou foi a alemã, sendo que pelo menos 100 mil fiéis do pequeno país do novo papa assistiram à cerimônia. Para garantir a segurança, as autoridades romanas mobilizaram sete mil agentes das forças de segurança e dois mil voluntários.
Representantes - Entre elas se destacavam os representantes da Alemanha, começando pelo presidente, Horst Koehler, o chanceler Gerhard Schroeder, o governador da Baviera, Edmund Stoiber e o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias do Brasil. Além destes, o irmão do papa, Georg Ratzinger, 81, também assistiu à cerimônia, emocionado. Do lado esquerdo do altar estavam os reis da Espanha, Juan Carlos, em uniforme de gala, e Sofía, trajando uma roupa com véu branco, uma prerrogativa dos reis católicos.
Os presidentes colombiano Alvaro Uribe, argentino, Néstor Kirchner, paraguaio, Nicanor Duarte, e salvadorenho, Elías Antonio Saca, além de Jeb Bush, governador da Flórida e irmão do presidente americano, George W. Bush, também estavam presentes. Todos eles foram recebidos posteriormente pelo papa no interior da basílica.
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