Menos de uma semana após anunciar sua aquisição pelo grupo ChemChina (China National Chemical Corp), a Pirelli admite impacto no funcionalismo da unidade em Santo André, que emprega atualmente 2.500 pessoas. O presidente da empresa para a América Latina, Paolo Dal Pino, confessou ao prefeito andreense Carlos Grana (PT) que pode suspender temporariamente o contrato de trabalho de parte dos operários, por meio de mecanismo chamado lay-off, ao longo de 2015.
A declaração do executivo da fábrica de pneus não poderia ter vindo em momento pior. Sem garantir a permanência de todo o quadro de recursos humanos, Dal Pino apenas reforçou o temor dos funcionários, que, logo após o anúncio da transação, passaram a especular sobre cortes e, inclusive, a transferência da planta industrial para outras localidades, inclusive a China.
Grana afirmou que a intenção da Pirelli é manter os investimentos na cidade e o quadro de funcionários. Todavia, não assumiu nenhum compromisso. O papo não convenceu o presidente do sindicato que representa os trabalhadores da companhia, Marcio Ferreira: “Falar é fácil. Quero ver me dar um documento por escrito comunicando”. Ele tem razão. Procurada pelo Diário, a empresa não quis sequer confirmar as declarações do prefeito andreense.
O pior da história é que o presidente da companhia, na conversa com Grana, esforçou-se para dissociar eventuais mudanças nas relações com os trabalhadores andreenses do negócio bilionário fechado com os chineses. Para Paolo Dal Pino, são os resultados da crise econômica enfrentada pelo Brasil que podem influenciar no número de funcionários da planta de Santo André. Como se importasse, a quem é demitido, saber se o seu posto foi extinto por uma causa ou outra. O importante, para quem depende do salário para pagar as contas no fim do mês, é a garantia de que permanecerá no emprego. E isso, a Pirelli ainda não fez.
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