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Greve de garis entra no sexto dia, sem data para terminar

Sindicato que representa os coletores de lixo diz que empresas mantêm greve por R$ 45

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
28/03/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Sem negociação prevista, a greve dos coletores de lixo no Grande ABC entra no sexto dia deixando rastros de caos nos municípios que aderiram à paralisação, iniciada na segunda-feira. Das sete cidades, só não integram o movimento São Bernardo e Rio Grande da Serra. Com salários atuais de R$ 939 (varredores) e R$ 1.115 (coletores), a categoria pede 11,73% de reajuste, porém, o Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo) diz que o máximo que pode atender é 7,68%. “As empresas de lixo estão mantendo a greve por R$ 45”, disse o presidente do Siemaco ABC (Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Manutenção em Áreas Verdes Públicas e Privadas), Roberto Alves da Silva. Os 7,68% propostos pelo patronal são referentes à reposição da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) no acumulado de 12 meses até fevereiro. Os trabalhadores pedem mais 4,05% de aumento real, o que equivale a R$ 45.

Sem a entidade ser chamada para um acordo, Silva dispara: “Os empresários e os prefeitos estão brincando com a Saúde pública.” O presidente do Selur, Ariovaldo Caodaglio, não foi encontrado para comentar o assunto.

Enquanto isso, o acúmulo de lixo se agrava. Em Diadema, na Rua São Leopoldo, no Jardim Nosso Lar, há sacos espalhados por toda a parte. Crianças dividem o espaço com milhares de moscas e respiram odor insuportável enquanto brincam. Na noite de quinta-feira, moradores fecharam a via com os resíduos para protestar. Na manhã de ontem, o Corpo de Bombeiros recebeu chamado de incêndio na área, mas, ao chegar ao local, viu que não procedia e apenas retirou os sacos, colocando-os próximos à calçada para abrir passagem. No período da tarde, os detritos novamente atravancavam a via. “Não vamos queimar o lixo, pois isso seria ainda mais prejudicial, mas vamos deixar no meio da rua enquanto a greve continuar, primeiro porque não temos para onde levar e, segundo, como forma de protesto”, falou a operadora de telemarketing Maria Glaucineide Ferreira da Cruz, 27 anos, enquanto os vizinhos, munidos de luvas e pás, juntavam os resíduos espalhados e acondicionava em sacos plásticos.

As administrações orientam a população a não colocar o lixo na rua. Mas, para quem atua no segmento de alimentação, é difícil. Proprietário de uma padaria no Parque das Nações, Valdemir Aparecido da Silva, 56, estoca em quartinho mais de 50 sacos de 100 litros que quase já beiram o teto. “Isso não pode acontecer, ainda mais no setor de alimentos.”

As prefeituras mantêm equipes próprias para coleta, na tentativa de amenizar o problema. O trabalho ocorre sob escolta da GCM (Guarda Civil Municipal), como em São Caetano e Santo André. No último município, todo lixo recolhido é levado para o aterro municipal onde, segundo o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), a Polícia Militar permanece para garantir a segurança. Segundo o prefeito Carlos Grana (PT), hoje foram recolhidos 50% do material, com dez caminhões atuando pela manhã e outros dez à tarde. “Faremos força tarefa amanhã (hoje) para garantir 75% do serviço.”

Cetesb notifica São Caetano por descarte

A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) notificou a Prefeitura de São Caetano para que seja interrompido imediatamente o descarte de lixo no terreno da Indústrias Matarazzo, no bairro Fundação. No ano passado, a administração já tinha sido multada em 3.000 Ufesps (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo), equivalentes a R$ 60,4 mil, por ter feito o mesmo procedimento durante a greve dos coletores de lixo.

Conforme a Prefeitura, o descarte foi adotado como forma de enfrentar o problema da greve regional de limpeza urbana e atende à população de forma emergencial e provisória, uma vez que o aterro de Mauá, para onde os resíduos são destinados, está fechado por conta da greve. A administração informou que o material está sendo acondicionado sob proteção reforçada a fim de que não prejudique o solo.

Mesmo assim, a medida foi considerada imprópria pela Cetesb. “Verificamos a disposição irregular de resíduos sólidos sanitários classe 2A (resíduos não inertes) oriundos da coleta pública municipal, diretamente no solo, ocasionando inconvenientes ao bem-estar público, realizada pela Prefeitura de São Caetano. Em consequência, serão tomadas as ações legais cabíveis, incluindo a exigência para paralisar, de imediato, a disposição de resíduos, assim como remover os resíduos depositados irregularmente”, declarou a companhia, em nota.




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