Muricy Ramalho deu inesperada entrevista com teor de revolta após o jogo contra o São Bento, pelo Paulistão. Todos ficaram estupefatos, porque a linguagem do futebol é cheia de cuidados e critérios. Não se fala de forma tão transparente. Pela própria característica do esporte mais popular do País, qualquer deslize no linguajar provoca repercussão com efeitos bombásticos.

Fiquei com a impressão de que tudo foi falado de forma meticulosamente pensada. Muricy é inteligente e pareceu que queria tirar um peso das costas dos seus jogadores. Porque é indiscutível que esse bom elenco não está rendendo, a torcida está desconfiada e decepcionada e ninguém sabe como será o futuro.

O São Paulo está jogando pedrinha. Ou melhor, pseudocraques como Ganso, Pato, Luís Fabiano, Alan Kardec, entre outros, parece que esqueceram que precisam render e jogar um futebol minimamente competente. Mas o que se vê, na prática, é um time sem tática, sem vontade, sem brilho, sem nada. E se não bastasse, nos dois jogos contra o tradicional adversário, o Corinthians, pela Libertadores e pelo Paulistão, o Tricolor deixou a torcida desenxabida. Domingo em Campinas, depois de marcar o gol da virada e da vitória sobre a Ponte Preta, Alan Kardec não comemorou nem vibrou.

Segundo Muricy, a briga entre cartolas está repercutindo no elenco. E é por isso que o São Paulo ainda não conseguiu jogar bem em 2015. Realmente, os desentendimentos entre dirigentes surpreende e choca. Mas essa justificativa é insuficiente.

Fiquei também com a impressão de que Muricy usou a briga dos cartolas como desculpa a um time que está travado. Jamais o treinador, que conhece tudo nos bastidores do São Paulo, viria a público, da forma como veio, falando o que falou, se não tivesse fortes motivos embutidos nesse triste momento que vive o Tricolor. Segundo a torcida, esse momento parece um maremoto.

Amanhã, o Morumbi será palco de um dos mais importantes jogos da história do São Paulo nos últimos tempos. Se vencer o San Lorenzo, manterá as esperanças de classificação à próxima fase da Libertadores. Se não vencer e mesmo empatar, o vulcão, cujas lavas estão em pequena erupção, transformará tudo e todos pela frente. E não sobrará pedra sobre pedra. Os bombeiros terão muito trabalho para conter as chamas inevitáveis.

Injustiça e ingratidão

No clássico contra o Palmeiras, semana passada, na Vila Belmiro, a torcida do Santos vaiou e ofendeu Arouca e Aranha. Sobrou até para o sempre comedido Oswaldo de Oliveira. O que eles fizeram de mal? O técnico foi demitido injustamente. E os jogadores reclamaram na Justiça os salários atrasados. Salários atrasados!

Loucura, não?!