Dezembro não foi um bom período para o setor de panificação no Grande ABC. O faturamento aponta recuo médio de 10% em comparação com os demais meses do ano, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Grande ABC, Antônio Carlos Henrique, o Toninho.
Segundo ele, a queda no faturamento não estava prevista pelo setor, muito pelo contrário. "Esperávamos alavancar os negócios em 4%, além da inflação. Tradicionalmente, até o dia 25, o movimento sempre foi grande. É o período do ano em que o consumidor está com dinheiro no bolso, encomenda doces e pães especiais para as datas festivas. Parece que o cliente colocou o pé no freio", destaca.
Toninho acredita que no ano passado, devido à queda no ritmo da economia nacional e ao cenário mundial, as pessoas resolveram pagar as dívidas e poupar um pouco mais. "O setor de panificação acaba refletindo rapidamente o cenário econômico, assim como os shoppings."
De fato o crescimento de 5,5% nas vendas nos shoppings neste Natal ficou abaixo da previsão inicial de 6,5%, anunciada no meio do ano. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping, Nabil Sahyoun, a expectativa anterior tinha sido feita com base no desempenho da economia no primeiro semestre do ano. "Mas as vendas no segundo semestre foram muito fracas", diz o dirigente.
Para o início deste ano a previsão não é animadora. "Acredito que as padarias terão um primeiro semestre de menor movimento. O pessoal continua comprando o pãozinho pela manhã, mas deixou de comprar os produtos mais elaborados, como os de confeitaria. E o volume de refeições servidas também está estagnada", completa o presidente do Sipan.
Ele explica que hoje as padarias são praticamente minishoppings da alimentação. "Os itens produzidos estão mais elaborados, a estrutura física também mudou. As pessoas almoçam, jantam e fazem até happy hour. Tudo isso acaba por encarecer os serviços e itens", afirma.
MÃO DE OBRA- Outra dificuldade que os empresários do setor enfrentam é a falta de mão de obra qualificada. O deficit de profissionais (sejam padeiros, confeiteiros, pizzaiolos ou atendentes) representa 10% do setor. "Se for contabilizar as pessoas que estão empregadas mas não têm qualificação, esse índice chega a 35%", explica Toninho.
Consequentemente, os salários estão cada vez mais altos. O piso salarial da categoria gira em torno de R$ 800. No entanto, um padeiro/confeiteiro bem qualificado chega a receber R$ 5.000. "Em média, a remuneração fica em R$ 2.000", diz o presidente do Sipan.
Pensando nisso, o sindicato da região firmou parceria com o Senai para treinar jovens entre 18 e 25 anos - desde cargos na produção a atendimento. "Para participar é preciso que a pessoa esteja empregada numa padaria da região", explica.
Interessados podem entrar em contato com o Sipan, pelo telefone (11) 4994-8177. No site da entidade há como cadastrar o currículo (www.sipan-aipan.org.br).
RAIO X- Hoje, aproximadamente 900 estabelecimentos estão em funcionamento na região. Eles são responsáveis por 15 mil empregos diretos e 50 mil indiretos.
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