Parlamentares paulistas assumem mandato hoje com imenso desafio perante escassez de recursos para atender demandas
Deputados terão trabalho para executar projetos
Parlamentares paulistas assumem mandato hoje com imenso desafio perante escassez de recursos para atender demandas
O desafio tem a mesma, ou maior, proporção dos números do Grande ABC. São 2,7 milhões de habitantes distribuídos em sete municípios, que também estão relacionados à região metropolitana de São Paulo, que agrega 39 cidades e pouco mais de 20 milhões de pessoas. As mazelas compartilhadas envolvem deficit habitacional de 160.404 unidades, problemas estruturais de drenagem, Mobilidade Urbana, Segurança Pública, Educação, Saúde e outro tanto. Resoluções, ou tentativas, desses gargalos estarão na pauta de cobrança aos sete deputados estaduais eleitos para representar essa população que tomam posse hoje, para quatro anos de mandato, na Assembleia Legislativa.
Além dessas demandas, velhas conhecidas do povo, os eleitos Teonílio Barba (PT), Ana do Carmo (PT), Luiz Turco (PT), Luiz Fernando Teixeira (PT), Atila Jacomussi (PCdoB), Vanessa Damo (PMDB) e Orlando Morando (PSDB) enfrentaram o fator complicador da crise financeira que atinge o Brasil. Em São Paulo, contingenciamento de até R$ 6,6 bilhões ao Orçamento para este ano adiciona dificuldade. A escassez de recursos deve atingir, principalmente, projetos de políticas públicas e indicações de investimentos do Palácio dos Bandeirantes para intervenções no Grande ABC.
“Com a crise econômica, a tendência é de um Legislativo menos atuante do ponto de vista das políticas públicas e um Executivo com vários problemas, como a crise hídrica, Segurança e infraestrutura. Espaço os deputados terão, pelo número em que estão, mas o problema será um governo sem recursos para financiar os projetos”, analisou a cientista política e professora da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) Maria do Socorro Braga.
Os investimentos do governador Geraldo Alckmin (PSDB) apontados por emendas dos deputados serão prioritariamente reservados aos mais próximos e integrantes da bancada governista, caso de Morando, Vanessa e Atila, que, apesar de ser do PCdoB, já garantiu não ser oposição. “O Grande ABC, que é uma região vasta e tem peso significativo no jogo político, só será privilegiado se o PSDB depender desses eleitores. A redistribuição das verbas para emendas terá de ser acompanhada durante a legislatura”, pontuou a cientista política.
A situação negativa ainda terá impacto na manutenção das bases eleitorais desses parlamentares. Conforme demandas e compromissos de campanha não forem cumpridos, a tendência é a evasão de apoiadores e aliados. “Faltarão recursos para manter as bases nos próximos quatro anos, ou até a economia voltar a ter as condições que tinha em 2010”, comentou Maria do Socorro.
Reclamação constante no discurso dos deputados da região, a evasão de votos a candidatos provenientes de outras áreas de São Paulo poderá ser agravada dentro desse cenário, de acordo com a especialista. “Quem tiver mais privilégios junto ao Executivo ganhará o espaço”, destacou a professora.
Garantia a projetos para Mobilidade
A construção da Linha 18-Bronze do Metrô (Tamanduateí-Djalma Dutra) pelo governo do Estado é a principal aposta do Grande ABC para Mobilidade Urbana nos próximos anos. Com investimento de R$ 4,26 bilhões e todos os trâmites burocráticos superados, só falta iniciar a obra. A missão dos sete representantes da região na Assembleia Legislativa será, justamente, garantir que o ramal seja, de fato, concluído até 2018 como prometido pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Somente a Linha 18-Bronze, no entanto, não vai chegar próximo de solucionar os gargalos desse setor. Na avaliação do presidente do IBCTT (Instituto Brasileiro de Ciências de Trânsito e Trasporte), José Almeida Sobrinho, o ideal é que os deputados cobrem qualidade nos ramais de transporte coletivo para que a população deixem seus automóveis na garagem.
“Será importante que os deputados cobrem integração da malha viária do Metrô com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitano) e ramais municipais. Hoje o transporte público é oneroso e carece de qualidade. Não tem como sair do Grande ABC para ir até o Ibirapuera. Ou você pega três ônibus e demora horas, ou vai de carro e enfrenta o tráfego pesado”, externou o especialista.
A cultura automotiva como a paulista aplicada a grandes cidades como Nova York, nos Estados Unidos, e Paris, na França, é tratada como segunda opção por estes governos há décadas. “Estamos tomando um caminho catastrófico. Ou mudamos, ou vamos travar como ocorreu nessas cidades (citadas acima). Lá, durante a semana a população vai de coletivos e aos finais de semana utiliza carros. Mas aqui, as montadoras e indústrias de combustíveis têm interesse em colocar cada vez mais carros nas ruas”, pontuou Sobrinho.
Limpeza da Billings sempre em pauta
Em tempos de crise no abastecimento de água, a represa Billings voltou a ser lembrada por agentes públicos, mas nunca saiu da pauta de ambientalistas do Grande ABC. A bacia banha as cidades de Santo André, São Bernardo, São Paulo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra e tem capacidade para armazenar até 600 bilhões de metros cúbicos de água. Intitulada de a caixa-d''água de São Paulo pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), entretanto, tem boa parte poluída por conta de ocupações irregulares e despejamento de esgoto, como as águas do Rio Pinheiros, enviadas ao reservatório em dias de cheias.
Para o ambientalista e presidente do MDV (Movimento em Defesa da Vida), Virgílio Alcides de Faria, a principal missão dos deputados estaduais é cobrar que o Palácio dos Bandeirantes apenas cumpra a lei. “A Constituição estadual de 1989 deu prazo de três anos para que governo do Estado e prefeituras adotassem medidas eficazes para não poluir a Billings. Nunca houve cumprimento disso. O que esses deputados estão entrando agora vão fazer? Outros não fizeram. Sempre há anúncios de projetos, mas as coisas não acontecem. Espero que esses parlamentares saiam da mesmice e façam acontecer”, avaliou.
O Estado é responsável pela manutenção dos 19 piscinões situados no Grande ABC, que tendem a evitar enchentes, e não dá sinais de investimentos para ampliação dessa estrutura. Meta para os deputados será cobrar continuidade da limpeza dos equipamento e ações para solucionar a crise de abastecimento de água.
Na Saúde, o principal ponto é consolidar a transformação do Hospital São Caetano em uma unidade regional e de retaguarda, para atender pacientes de longas estadias e aliviar Pronto-socorros. Desde o ano passado há acordo para financiamento compartilhado entre Estado e União.
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