As altas taxas de desemprego, os baixos salários e a má distribuição de renda pautaram as manifestações realizadas em toda a América Latina neste domingo, Dia do Trabalho. Milhares de pessoas saíram às ruas para protestar, deixando em uma saia justa os governos latino-americanos, que em grande parte foi eleito sob o signo dos trabalhadores.
No Chile, milhares de manifestantes fizeram uma passeata em Santiago e outras cidades, convocados pela CUT (Central Unitária de Trabalhadores), que reclama uma maior presença dos líderes sindicais na vida política do país.
Contrariando as expectativas, a organização, que afirma representar mais de 430 mil associados, afastou-se da sua tradicional linha de demandas econômicas e sociais e reivindicou os direitos políticos dos trabalhadores.
A manifestação começou pela Alameda Bernardo O'Higgins, a principal avenida de Santiago, e terminou com alguns confrontos entre manifestantes encapuzados e a Polícia, que os dispersou com bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água, prendendo vinte pessoas.
No Equador, os trabalhadores anunciaram neste domingo que acompanharão de perto o governo do novo presidente Alfredo Palacio, a quem pediram que respeite o direito de contratação e organização e cancele um regulamento de trabalho por horas que consideram "ditatorial".
Também reclamaram que o governo cancele todos os acordos trabalhistas firmados pelo ex-presidente Lucio Gutiérrez, destituído pelo Congresso no dia 20 de abril e asilado no Brasil. "Vamos vigiar o que este governo de Alfredo Palacio vai fazer", destacou o presidente da FUT (Frente Unitária de Trabalhadores), Mesías Tatamuez.
O dirigente manifestou preocupação porque ainda não se designou o novo ministro do Trabalho e afirmou que cinco candidatos já foram apresentados para o cargo. "Se o presidente Palácio não elege a um deles terá que explicar ao país suas razões", advertiu.
Na Bolívia, também palco freqüente de agitações sociais, uma grande manifestação foi organizada em La Paz para pedir melhores condições de trabalho, a criação de mais postos e a nacionalização do gás natural.
Milhares de trabalhadores, mineiros aposentados e comerciantes, organizados em sindicatos, fizeram uma passeata pelo centro da capital, sede do governo da Bolívia, com cartazes e gritando palavras de ordem, com o barulho de fogos como pano de fundo.
Os sindicalistas protestaram também porque o país atravessa uma de suas piores crises com uma taxa de desemprego de 15,3% da população ativa, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).
No Paraguai, cerca de cinco mil trabalhadores protestaram neste domingo em Assunção contra o desemprego, as privatizações de empresas públicas e a falta de terras, fazendo uma passeata.
Reunidos em frente ao Panteão dos Heróis, os manifestantes protestaram contra a falta de uma política salarial e a concentração de terras em mãos de latifundiários.
Juan Torales, secretário-geral da Confederação Nacional de Trabalhadores (CNT), denunciou a grande pobreza da população, a crise econômica e o desemprego entre outras desigualdades sociais, "apesar dos enormes recursos naturais, abundante energia e uma crescente mão-de-obra jovem disponível".
O dirigente sindical culpa o modelo de desenvolvimento implementado pelos governos e criticou particularmente o do presidente Nicanor Duarte, "cuja política gera riquezas para uma minoria deixando na pobreza as grandes maiorias compostas por operários, camponeses e setores populares".
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